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02/Ago/2019

_redução de custos e sustentabilidade

É crescente no Brasil a adesão de produtores rurais a práticas de agricultura sustentável e econômica, que utilizam mais bioinsumos e organismos biológicos. Para melhorar a fertilidade das plantas e reduzir os custos de produção, milhares de produtores do País passaram a usar os chamados remineralizadores de solo em diferentes tipos de plantios. Este movimento tem possibilitado a busca por fontes naturais de nutrientes, como rochas e pedras, que contêm minerais com o potencial de recuperar solos em regiões mais áridas. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), estima-se que a área plantada no Brasil com os agrominerais já ultrapasse 2 milhões de hectares. Só em Goiás, Estado pioneiro no uso dos novos insumos, há registro de pelo menos 250 mil hectares plantados com adubação mineral ou biológica. O objetivo dos produtores, principalmente pequenos e médios, é reduzir a dependência de insumos químicos de preço elevado e garantir a rentabilidade da lavoura.

No entanto, a principal queixa deles é a baixa oferta de insumos nacionais eficientes no mercado. Cerca de 95% do cloreto de potássio, por exemplo, um dos fertilizantes mais utilizados no Brasil, são importados. Eles querem praticar uma agricultura que seja feita com insumos regionais, para que os recursos fiquem na própria região. Então, estão trabalhando com pó de rocha, fosfato natural, plantas de cobertura da nossa natureza, algumas exóticas, que coloquem fertilidade no solo, e com os bioinsumos, que são bactérias, fungos, microrganismos eficientes para recolonizar o solo. O Grupo de Agricultura Sustentável (GAS) foi criado com o objetivo de mudar os paradigmas de produção agrícola e defender a liberdade dos produtores na escolha dos insumos considerando o contexto regional das propriedades. Em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), o grupo já mobiliza mais de 2.300 agricultores de todo o País que praticam diferentes métodos de adubação, manejos e buscam novos tipos de insumos de origem biológica.

Um dos remineralizadores ou agrominerais regionais que os produtores de Goiás têm priorizado é o pó de rocha, que pode ser aplicado diretamente no solo ou junto com fertilizantes solúveis convencionais. É possível recolonizar o solo e colocar biologia, que está sendo perdida com o alto uso de insumos. O pó de rocha reconstrói o solo, porque todo o solo foi formado por rocha, mas com o intemperismo de milhões de anos, o solo foi empobrecendo. Levantamento do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag) aponta que fertilizantes e defensivos compõem praticamente metade dos custos de produção da soja convencional, por exemplo. Nas últimas estimativas da instituição, a rentabilidade dos produtores de soja tem sido negativa, fato que tem gerado endividamento dos agricultores, segundo integrantes do setor. Os produtores não têm prazer em usar agrotóxicos. Então, a ideia do grupo de agricultura sustentável é levar uma ferramenta nova para o produtor para que ele possa produzir com um custo menor e no final produzir um alimento mais saudável.

A Embrapa Cerrados ressalta que o sistema alternativo de plantio traz efeitos diretos e indiretos para as plantações e representa uma solução viável para devolver a rentabilidade da agricultura. Esse movimento está ligado à sustentabilidade da atividade. A viabilidade da agricultura é uma questão crucial atualmente. Na realidade, a agricultura sempre foi biológica, mas, ao longo do tempo foi sendo dada ênfase para os insumos químicos. Porém, existe exaustão tecnológica, e quando essa exaustão atinge o lucro, significa que o modelo não está sendo viável. A agricultura baseada em insumos naturais pressupõe uso de fontes minerais de nutrientes, organismos biológicos para controle das pragas e plantas de cobertura para proteger e nutrir o solo, mas não substitui nem elimina os insumos convencionais, como fertilizantes ou defensivos químicos. Esse novo modelo é um tipo de agricultura biológica que não é incompatível com o modelo anterior, nem há preconceito com os insumos tradicionais.

Mas, não é possível ter solução apenas por um aspecto, é preciso ter associação dos insumos. Os produtores ainda precisam dos agrotóxicos como uma das ferramentas e continuarão utilizando fertilizantes, a diferença é que será mais econômico. Nas áreas onde há verticalização do processo produtivo de aves, por exemplo, os resíduos das agroindústrias, que são muito ricos em nutrientes e microorganismos benéficos para o solo, podem ser melhor aproveitados para fazer compostagem com os minerais de rochas. É a busca de sustentabilidade econômica e, neste processo, será possível encontrar também a sustentabilidade ambiental e social, porque vai se estimular o desenvolvimento de novas cadeias produtivas regionais e possibilitar que os recursos circulem nas próprias regiões agrícolas.

Os fertilizantes convencionais solúveis, geralmente feitos à base de nitrogênio, fósforo e potássio, têm eficiência baixa se não forem bem aplicados, e a composição com os minerais têm a vantagem de melhor aproveitamento dos nutrientes.

Quando o processo é bem feito, é possível utilizar efetivamente apenas 50% desses elementos. Existem resultados recentes mostrando que é viável ter aumento de produtividade quando se combina a fertilização solúvel com esses novos agrominerais. Os remineralizadores têm sido usados especialmente nos cultivos de grãos, mas há experiências positivas com resultados de melhoria na qualidade da produção e aumento da resistência a pragas em plantios de cana-de-açúcar, eucalipto, seringueira e frutas. A utilização de pó de rocha traz mudanças na qualidade dos produtos e até na produtividade. De um modo geral, as vantagens são qualidade e sanidade. Apesar dos benefícios já percebidos, os produtores alertam para a falta de consultores e técnicos agrícolas especializados neste tipo de bioinsumo. Os agricultores também esperam o aumento da disponibilidade de produtos no mercado certificados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O fato é que faltam pesquisas e respostas para essa demanda, porque todas as instituições agora que estão começando a perceber a importância do tema. Muitos agricultores estão utilizando e não sabem se a dosagem é correta, se este é o melhor custo benefício, ou seja, a parte agronômica ainda não está bem estudada. As pesquisas são de longo prazo, então, é preciso criar programas de pesquisas. Esses são temas que o Ministério da Agricultura está trabalhando. De acordo com a Lei 12.890, de 2013, o remineralizador é um material de origem mineral que altera os índices de fertilidade e atividade biológica do solo por meio da adição de nutrientes. O registro e fiscalização deste tipo de insumo foram regulados há três anos pelo Ministério por meio de instruções normativas. Existe uma preocupação com relação ao uso de produtos para manejo de pragas.

O milagre da soja brasileira é realizado em grande parte pela questão de insumos biológicos, que é o caso da fixação biológica, o caso do rizóbio. É com esse cenário que o Ministério da Agricultura está trabalhando à luz da necessidade de olhar para o setor com as particularidades que ele tem. Entre os dias 5 e 7 de agosto, a cidade de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, sediará o 3º Fórum Brasileiro de Agricultura Sustentável. Com o tema “A Evolução Verde”, o evento reunirá produtores rurais, empresários, consultores, pesquisadores e profissionais do agronegócio de todo o Brasil e do exterior. A programação conta com um minicurso sobre manejos iniciais em agricultura sustentável e palestras com especialistas renomados sobre vários temas, como fertilidade com agrominerais regionais, microbiologia aplicada ao manejo do solo e controle de pragas e doenças, melhoramento genético voltado para sustentabilidade, homeopatia na agricultura, entre outros. Fonte: Ministério da Agricultura. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.