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09/Mai/2019

Terras: facilidade logística determina valorização

A concessão à operadora Rumo do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Porto Nacional (TO) e Estrela d'Oeste (SP) deve fazer com que terras das regiões sul de Tocantins, sudoeste de Goiás, sudeste de Mato Grosso e Triângulo Mineiro (MG) se valorizem de 10% a 30%. Tal apreciação dependerá da redução dos custos logísticos que a ferrovia proporcionará quando os 1.573 quilômetros leiloados para a Rumo entrarem em operação. No passado, o anúncio e a construção da Norte-Sul já fez o valor da terra na região por onde passa a ferrovia mais que dobrar. Com o início da operação, pode haver valorização adicional de 20% a 30%, especialmente em Tocantins, sudoeste de Goiás e Triângulo Mineiro. Com queda real dos custos logísticos, os produtores terão recursos adicionais para adquirir mais terras. Este ponto é crucial também para investidores calcularem o retorno do investimento da terra no longo prazo. Se os gastos logísticos continuarem altos, o interesse pode ser menor, já que a rentabilidade do proprietário tende a ser menor também.

De qualquer forma, haverá ganhos indiretos trazidos pela Norte-Sul e redução de acidentes em comparação ao transporte rodoviário. Segundo a SLC Agrícola, há potencial para uma valorização de até 11% das terras da região sudoeste de Goiás, as mais beneficiadas pelo projeto, em razão do aumento do resultado operacional dos produtores locais. Tal incremento pode ser de até US$ 100,00 por hectare, decorrente do aumento do preço dos grãos. Tradings tendem a remunerar melhor os produtores quando o gasto logístico cai. Vai depender da eficiência operacional e da política de tarifas de frete da Rumo. A concorrência com a VLI, que atua no Estado por meio da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), ligada ao Porto de Santos (SP), é outro fator que pode ajudar a puxar os preços para baixo. O valor cobrado por proprietários pelo arrendamento de suas terras também dependerá destes fatores. O aumento do preço do arrendamento na região da ferrovia Norte-Sul somente virá com a confirmação do incremento do resultado operacional dos produtores.

A Terra Santa Agro não espera benefícios expressivos do início da operação da Norte-Sul. Pelo fato de as fazendas da empresa estarem localizadas nas porções central e oeste do Estado, a produção de grãos e algodão deve continuar sendo escoada pelos canais já utilizados atualmente. Aproximadamente metade segue por rodovia até os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) e o restante é embarcado em portos da Região Norte do País. A região leste de Mato Grosso será mais beneficiada pela Norte-Sul. Os produtores e empresas do centro do Estado, próximos à BR-163, usam mais a rodovia e deve continuar assim. Entretanto, a existência de uma alternativa aos caminhões na Região Centro-Oeste pode ajudar a baixar o valor do frete rodoviário. Apesar dos benefícios do modal ferroviário, ele ainda é concentrado em um número menor de empresas do que o modal rodoviário. O frete rodoviário é pulverizado e não há monopólio, enquanto na ferrovia (Norte-Sul) haverá só um player (a Rumo).

A concorrência entre ferrovias no Brasil é pequena. Assim, o custo ferroviário no Brasil é quase igual o rodoviário, 5% a 10% mais barato, porque o setor é monopolista. Não é como nos Estados Unidos, onde o transporte ferroviário é 40% a 50% mais barato. O frete por rodovias é considerado muito eficiente. Mas, por não haver uma malha ferroviária, é utilizado o transporte rodoviário para distâncias muito longas. Da pecuária para a agricultura, um caminho provável para o médio prazo é que as melhorias de infraestrutura na região sob influência da Norte-Sul levem os produtores de Tocantins e da região norte de Goiás a migrar da pecuária para a agricultura. A atividade é mais dependente do frete ferroviário para ser rentável do que a pecuária e à medida que alcançar margens de lucro melhores a conversão de áreas de pasto para a agricultura tende a se acelerar.

Neste caso, haverá potencial grande de valorização destas terras, podendo dobrar ou triplicar de valor, porque melhores condições para a agricultura atraem mais fundos e gestores para estas regiões. Entre 2004 e 2014, antes do início da crise econômica no Brasil, as terras brasileiras se valorizaram a uma taxa real média (já descontada a inflação) de 5% a 6% ao ano. Nos últimos dois anos, verificou-se perda real de 1% a 2% no valor das terras. Apesar disso, uma mudança de rumo começa a se desenhar em 2019. Há fundos de investimento e produtores demonstrando interesse de compra. A expectativa para 2019 é de um ano de mais liquidez e maior volume de negócios. Ainda assim, o cenário é conservador para o mercado: estabilidade real dos preços das terras neste ano, com ganhos apenas para compensar a inflação. Para 2020, a perspectiva é a mesma. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.