ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Nov/2025

Caminhões: queda nas vendas no Brasil em 2025

A taxa básica de juros em 15% e as restrições ao crédito devido à alta inadimplência e à descapitalização dos produtores do agronegócio foram os principais responsáveis pela queda nas vendas de caminhões no País este ano. O maior impacto vem do segmento de veículos extrapesados, responsável por mais de 40% do volume total. Os caminhões extrapesados, carretas com capacidade de transporte a partir de 30 toneladas, formam as frotas que carregam para os portos principalmente grãos, como soja e milho, produzidos na Região Centro-Oeste. Outras cargas relevantes são cana-de-açúcar, produtos químicos e petroquímicos, combustíveis, madeira e minérios. Na contramão do mercado de automóveis e veículos leves, que projeta aumento de vendas em 2025, as vendas de caminhões deve encerrar o ano com decréscimo, na média de todos os tipos de veículos, dos leves aos extrapesados, em torno de 8%. Segundo a Volkswagen Caminhões e Ônibus, o impacto maior está na categoria de extrapesados, que até o momento é da ordem de 26%.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), até setembro as vendas de caminhões somaram 84.016 veículos, recuo de 7,7% na comparação com o mesmo período de 2024. No acumulado do ano, a previsão é de recuo em torno de até 9%, para um volume de 112 mil a 114 mil caminhões. Das seis grandes marcas (Volkswagen Caminhões e Ônibus, Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Iveco e DAF), só a Mercedes-Benz registrou crescimento de vendas no período, de quase 11%, na comparação com janeiro a setembro de 2024. Segundo a MacroSector Consultores, o que se vê neste ano, como um movimento desde 2023, é a piora da rentabilidade do produtor de soja, mesmo com uma perspectiva de safra recorde de grãos no País. A relação de troca para o produtor de soja piorou, passando de 20 para 24 sacas de 60 Kg necessárias para comprar 1 tonelada de fertilizantes. Esse cenário não deverá melhorar no próximo ano, principalmente devido aos efeitos do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

Não se vislumbra alta para o preço da soja nem redução substancial da inadimplência e do nível de endividamento dos produtores de grãos na Região Centro-Oeste. Os bancos estão se protegendo, com restrições, aos pedidos de créditos. Com quase metade das suas vendas de caminhões vinculada ao agro, a Scania admite que terá "um ano menor" em 2025. Em quarto lugar no ranking brasileiro, com fábrica em São Bernardo do Campo (SP), a Scania tem 80% dos seus negócios em voltados ao transporte de cargas como grãos, fertilizantes, cana-de-açúcar, madeira, mineração, químicos e combustíveis, carga frigorificada e e-commerce. O aumento dos custos dos insumos e menor apreciação do dólar na exportação fazem com que a receita do produtor não suporte a renovação de frota. A inadimplência do agro mais do que dobrou neste ano e continua crescente. Porém, um ponto positivo é o segmento do e-commerce, com crescimento superior a dois dígitos. “É o novo agro para venda de caminhões”. Com um portfólio mais concentrado em leves, médios e semipesados, a VWCO apresenta bom desempenho nas vendas no ano. O mercado comprador está nessa faixa. Já o segmento extrapesado responde por 10% a 11% das vendas da fabricante alemã.

A empresa fabrica do caminhão leve, de três toneladas, ao extrapesado, de 125 toneladas. O mercado de caminhões tem comportamento em linha com o Produto Interno Bruto (PIB), com projeção adotada pela indústria de 2,2%, avaliado como moderado, ante 3,4% no ano passado. Os segmentos de médios e pesados, até setembro, mostravam, respectivamente, alta de 11% e 10%, ante retração de 26% dos extrapesados. Vice-líder em vendas no País, a Mercedes-Benz trafega na contramão do que o mercado de caminhões vem mostrando até agora. E espera fechar o ano com aumento de dois dígitos. De janeiro a setembro, a empresa registrou alta de 11%, com ganho de 4%. A companhia fechará 2025 com crescimento sobre 2024. O ano foi marcado por uma crise de confiança, juros elevados, preço dos grãos afetados pela geopolítica global, pelo tarifaço, inadimplência e restrição a créditos no agronegócio. Ainda assim, o Brasil vai ter um mercado acima de 100 mil caminhões, pois há vários segmentos econômicos em alta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.