17/Nov/2025
A 3tentos registrou lucro líquido de R$ 203 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 36,2% em relação a igual período de 2024. A receita operacional líquida cresceu 42,9%, para R$ 4,99 bilhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou 51,4%, para R$ 166,3 milhões, com margem de 3,3%. O desempenho refletiu crescimentos simultâneos em insumos, grãos e indústria, ainda que com dinâmicas distintas entre os segmentos. Em insumos, a receita foi de R$ 1,08 bilhão (+42,6%) e o lucro bruto ajustado alcançou R$ 197,7 milhões (+73,3%), com margem de 18,3%. Segundo o CEO João Marcelo Dumoncel, a expansão foi puxada principalmente por Mato Grosso. “O crescimento está vindo basicamente de Mato Grosso. O agricultor mato-grossense colheu uma safra muito boa de soja e milho, então está com uma saúde financeira bem razoável”, afirmou. A indústria apresentou receita de R$ 2,21 bilhões (+19%) e lucro bruto ajustado de R$ 275,8 milhões, com margem de 12,5%.
Dumoncel explicou que a rentabilidade foi afetada pelo atraso na entrada em vigor do B15 (a mistura obrigatória de 15% de biodiesel ao diesel fóssil), prevista para março e implementada apenas no fim de agosto. “Passou os dois primeiros meses do trimestre sem o efeito do aumento da mistura, o que pressionou preços de biodiesel e margens para baixo”, disse. A relação entre os preços da soja e do farelo também influenciou o trimestre. O prêmio da soja permaneceu elevado no Brasil em função das compras da China durante o período de tensão comercial com os Estados Unidos, enquanto o preço do farelo caiu em Chicago por menor demanda americana. “Isso já se normalizou com os acordos firmados. O prêmio da soja caiu, o preço do farelo subiu bastante em Chicago”, afirmou o executivo. Em grãos, a receita atingiu R$ 1,71 bilhão (+93%) e o lucro bruto ajustado somou R$ 203,9 milhões (+81%). O aumento refletiu o maior volume comercializado e a consolidação da rede de originação em Mato Grosso, onde a companhia registrou safras robustas de soja e milho.
A empresa destacou que parte da pressão sobre o Ebitda ajustado foi compensada pelos contratos de hedge utilizados para travar preços entre a venda e o embarque dos produtos. Como os preços caíram no período, a liquidação dos derivativos devolveu parte da margem ao resultado operacional. Quando o Ebitda ajustado é analisado em conjunto com o resultado dos contratos futuros liquidados, o indicador avançou 3,6%, de R$ 356,2 milhões para R$ 368,9 milhões, com margem de 7,4%. “O hedge faz parte das operações comerciais na venda de grãos e produtos da indústria”, informou a companhia. A margem líquida recuou de 9,1% para 4,1%. O retorno sobre o patrimônio (ROE) foi de 19,8%, ante 22,2% um ano antes. No acumulado de 2025, a receita supera R$ 12 bilhões, próximo ao faturamento total de 2024. A 3tentos encerrou o trimestre com 72 lojas (59 no Rio Grande do Sul e 13 em Mato Grosso), após inaugurar unidades em São Vicente do Sul (RS) e Água Boa (MT).
A empresa mantém equipe de 208 consultores comerciais e segue com a meta de alcançar 100 lojas até 2030. A 3tentos manteve a inadimplência em linha com o histórico no terceiro trimestre de 2025, com índices “ligeiramente menores” que no ano passado, afirmou o CEO João Marcelo Dumoncel. A estabilidade da carteira ocorre mesmo após quatro anos consecutivos de safras prejudicadas no Rio Grande do Sul. “Não estamos tendo nenhum incremento no nosso nível de renegociação. Isso, para nós, é um dado bastante positivo”, disse. A provisão para devedores duvidosos (PDD) ficou em torno de 4% sobre o total de recebíveis. Dumoncel atribuiu o desempenho aos relacionamentos duradouros com produtores. “São clientes que têm uma alavancagem controlada versus patrimônio e não estão entregando inadimplência para nós”, afirmou. Segundo ele, os produtores com os quais a empresa se relaciona há duas ou três décadas possuem estrutura patrimonial sólida, o que permite atravessar ciclos adversos sem comprometer pagamentos.
Para a safra 2025/2026, as perspectivas são favoráveis. Em Mato Grosso, o plantio de soja foi praticamente concluído e as lavouras apresentam boa condição nas áreas em que a companhia atua. “A BR-163 está com condição de lavoura muito boa, realmente com condições espetaculares”, disse Dumoncel. Segundo ele, eventuais atrasos pontuais em algumas regiões não são relevantes e a janela de plantio da safrinha de milho permanece adequada. O CEO comentou que o plantio começou cedo no Estado, com chuvas que se iniciaram antes do esperado, teve uma pausa em setembro e retomou em meados de outubro. “Não vejo grandes atrasos ali. A expectativa para Mato Grosso é de uma safra boa de soja e uma safrinha de milho que tem condições de plantar numa janela ok também”, afirmou. No Rio Grande do Sul, o plantio está em andamento, com previsão de conclusão até o fim de novembro. As chuvas têm sido regulares e de boa intensidade.
“Está se desenvolvendo bem. Tem chovido bem, com chuvas regulares de boa intensidade e boa frequência”, disse. Segundo ele, o Estado pode ter uma safra em condições normais após anos de problemas climáticos recorrentes. Dumoncel destacou que a agricultura opera em ciclos anuais, e não trimestrais, o que pode gerar distorções na leitura de resultados pontuais. “A agricultura não é trimestral. O ciclo agrícola é um ciclo anual. Às vezes, a combinação da sazonalidade pode distorcer para o bem ou para o mal algum trimestre”, disse. Por isso, a companhia reforça a importância de observar o resultado acumulado, que também foi positivo no ano. O segmento de insumos da 3tentos registrou lucro bruto ajustado de R$ 197,7 milhões no terceiro trimestre de 2025, crescimento de 73,3% em relação a igual período de 2024, informou a companhia nesta quinta-feira. A margem bruta atingiu 18,3%. “Insumos enfrentou momentos difíceis nos últimos anos e vem se firmando, melhorando trimestre a trimestre o desempenho”, afirmou o CEO. A receita do segmento alcançou R$ 1,08 bilhão, alta de 42,6%, impulsionada pela expansão geográfica e pelo ganho de participação nas regiões atendidas.
“O crescimento está vindo basicamente de Mato Grosso”, disse Dumoncel. O executivo atribuiu o resultado à safra de soja e milho colhida no Estado, que garantiu melhor condição financeira aos produtores. “O agricultor mato-grossense colheu uma safra muito boa, então está com uma saúde financeira bem razoável”, afirmou. Segundo ele, o cenário tem desafios ligados a preços de commodities e taxa de juros, mas está “bem equacionado” no Estado. “É um mercado que está aplicando tecnologia, demandando insumos”, disse. A companhia ressaltou que o movimento reflete o início do plantio da safra 2025/2026 e o fortalecimento da atuação comercial, com 72 lojas (59 no Rio Grande do Sul e 13 em Mato Grosso) e 208 consultores. Em 2025, foram inauguradas duas unidades: São Vicente do Sul (RS) e Água Boa (MT). A empresa mantém a meta de alcançar 100 lojas até 2030 e ajusta o ritmo de abertura conforme as oportunidades de mercado. No Vale do Araguaia, região de expansão mais recente, a performance supera o comportamento observado na BR-163 no mesmo estágio de maturação das operações.
“Estamos conseguindo ter uma atração até mais rápida e melhor do que tivemos na BR-163”, disse Dumoncel. Segundo ele, o mercado na BR-163 é “talvez o mais concorrido do Brasil” para insumos, enquanto o Vale do Araguaia ainda oferece mais espaço para crescimento. Dumoncel avaliou que a readequação de participantes no mercado também abriu espaço para avanço da companhia. “Tem uma readequação dos players. O que está criando espaço para nós do ponto de vista estrutural do mercado, que tentamos aproveitar”, afirmou o CEO. No Rio Grande do Sul, onde a operação é mais consolidada, o cenário permanece mais difícil. O Estado enfrenta uma sequência de safras ruins, com produtores expostos à combinação de preços baixos, juros altos e produtividades menores. “O desafio de crédito aqui no Rio Grande do Sul é maior”, reconheceu Dumoncel. Mesmo assim, a empresa mantém participação relevante nas regiões em que atua, apoiada em relacionamentos de longo prazo. “São relações de 30 anos, 20 anos, 25 anos. Temos estabilidade de carteira e seleção muito boa aqui”, disse o executivo.
Segundo ele, os clientes gaúchos têm patrimônio e alavancagem controlada, o que sustenta a adimplência mesmo em anos difíceis. A companhia aposta na canola como cultura de diversificação no Rio Grande do Sul. Segundo Dumoncel, o Estado colheu uma safra “espetacular” de canola em 2025, com produtores satisfeitos e intenção de aumento significativo da área em 2026. A 3tentos atua desde a comercialização de sementes e insumos até o processamento industrial. Em cerca de dez dias, a empresa deve iniciar uma operação de aproximadamente três meses dedicada exclusivamente à canola na planta de Ijuí (RS). “Vamos ouvir muito falar de canola ainda no Brasil, puxado pelo Rio Grande do Sul”, disse. A estratégia de expansão também inclui três escritórios regionais de originação de grãos abertos em 2025: Uberlândia (MG), Rio Verde (GO) e Redenção (PA). “De alguma forma já é uma expansão territorial, começando a prospectar e atuar com originação nesses Estados”, afirmou o CEO. A entrada em novos mercados busca capturar crescimento em áreas com ampliação de área agrícola sobre pastagens. “Não precisa tomar mercado de ninguém, o mercado aumenta organicamente”, disse.
A 3tentos vê um cenário de crédito cada vez mais restrito para o produtor rural e projeta maior protagonismo do capital privado no financiamento da agricultura brasileira, afirmou o diretor financeiro, Cristiano Machado Costa. A carteira da TentosCap, braço financeiro da companhia, alcançou R$ 333,2 milhões no terceiro trimestre de 2025, com crescimento de 97,4% em 12 meses, mantendo inadimplência controlada. "Sobre o capital de giro, a gente vê um pouquinho de alongamento, mas está dentro do que a gente tem de planejamento para crescimento", disse o executivo. "A gente tem visto que o cenário de crédito como um todo está mais restrito para o produtor. A gente tem um cenário em que no nosso entendimento, um pouco mais até sentimento de leitura de mercado, é que cada vez mais a participação dos bancos públicos, dos órgãos governamentais no fomento ao produtor, ele vai ser mais restrito." Segundo Costa, a companhia tem observado produtores com maior comprometimento das garantias em algumas regiões, o que exige maior disciplina na concessão de crédito.
"O que a gente tem feito é procurado trazer o máximo de garantia possível nesse alongamento. Fazer de uma forma muito trabalhada com o produtor, com o consultor, a parte de formalização, sempre com garantias", afirmou. O CFO avalia que o espaço deixado pelo crédito oficial tende a ser ocupado por players privados, incluindo bancos e empresas do setor. "O cenário que se desenha é que não só a 3tentos, mas todos os outros players do setor privado, aqui me refiro exatamente também aos bancos, eles vão ter um papel mais importante, cada vez maior no fomento da atividade agrícola como um todo", disse. Nesse contexto, a TentosCap é tratada como uma frente relevante de crescimento. "A gente vê ali o crescimento da carteira da Tentos Cap, é uma das nossas avenidas de crescimento também. A gente entende que esse produtor rural vai necessitar de crédito e a gente tem uma qualidade de entrega na capacidade de fazer esse crédito sem risco ou correndo um risco, dentro daquilo que a gente entende que é o nível de risco que a gente deseja correr, não existe crédito sem risco", afirmou Costa.
"Mas eu acho que a gente vem fazendo um bom trabalho nesse sentido e que vem se refletindo nos nossos números e vemos sim uma avenida de crescimento nesse segmento." O executivo ressaltou que, apesar do ambiente mais desafiador, a estrutura de risco da companhia permanece sob controle. "Se a gente olha a carteira de crédito como um todo, os prazos, as exposições, a gente está bem parecido com o que a gente já vinha fazendo tradicionalmente. E a gente espera também manter esses baixos níveis de inadimplência que a gente vem observando", disse. O CEO, João Marcelo Dumoncel, reforçou o desempenho da carteira mesmo em um cenário de maior pressão para outras empresas do setor. "A gente tem conseguido suportar bons níveis de adimplemento, mesmo em um cenário onde alguns outros players estão tendo mais dificuldade", afirmou. A companhia opera com provisão para devedores duvidosos (PDD) em torno de 4% sobre o total de recebíveis, patamar considerado adequado para o perfil de risco da base de clientes.
A maior parte das operações é lastreada em garantias reais e em relações de longo prazo com produtores, em especial no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso. Costa destacou que o ambiente exige atenção permanente à metodologia de concessão de crédito. "É uma mudança de contexto nacional e é muito importante que nós sejamos cada vez mais atentos ao tema de metodologia de concessão de crédito", afirmou. Segundo ele, mesmo com algum alongamento de prazos, a estrutura de garantias e seleção de clientes permite à companhia manter a política de risco dentro dos parâmetros históricos. No trimestre, o crescimento da carteira de crédito acompanhou a expansão dos negócios de insumos e grãos da 3tentos, em um ambiente de maior restrição de funding público para o produtor. A empresa vê espaço para ampliar a participação do financiamento próprio na relação comercial, sem romper a disciplina de risco. "Se a gente olha a carteira como um todo, dependendo da métrica que você usa, a gente está na mesma proporção de crédito em relação ao todo", disse Costa. Fonte: Broadcast Agro.