04/Nov/2025
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os subsídios que os consumidores de energia pagam não param de aumentar. No ano passado, chegaram a R$ 48,9 bilhões. Neste ano, até outubro já bateram em R$ 39 bilhões. A maior parte é para fonte incentivada, R$ 11,853 bilhões. Na sequência, são R$ 11,813 bilhões concedidos à geração distribuída. O Brasil tem uma estrutura de produção de energia razoavelmente favorável, com uma variedade de fontes e um parque instalado de transmissão que consegue transferir energia de uma região para outra, mas tudo isso foi construído com base em uma série de subsídios que, talvez, em algum momento, fossem necessários, segundo a FGV Energia. Com o passar do tempo, esses subsídios foram se perenizando, foram se eternizando, e a sociedade não teve capacidade de suspender esses benefícios. Quando um subsídio é criado ou renovado, isso se traduz em uma conta a mais para uma parcela da população, porque uma parte dos consumidores terá de pagar mais para sustentar o benefício em vigor.
Segundo a PSR, alguns subsídios têm justificativas importantes, como financiar descontos para famílias de baixa renda ou universalizar o acesso à eletricidade no País, mas a conta de luz também conta com encargos questionáveis. Dona de grande parte dos subsídios, a geração distribuída ajuda a explicar em grande medida o fato de o Brasil ter uma geração maior do que a demanda. A disparada do uso da energia solar criou uma série de distorções e não foi acompanhada de planejamento cuidadoso nem de políticas que garantam sua expansão de forma equilibrada e sustentável. Atualmente, o ONS, responsável por decidir quais usinas devem gerar energia e quais precisam reduzir a produção, de acordo com a oferta e a demanda, vem perdendo parte desse controle devido ao avanço da geração distribuída, que injeta energia diretamente na rede de distribuição. A complexidade do sistema, causada pelo avanço descontrolado, ficou evidente no Dia dos Pais.
Em 10 de agosto, para evitar um colapso, dado que o cenário era de aumento de produção e queda do consumo por causa da data comemorativa, cerca de 90% da geração precisou ser cortada e várias usinas foram desligadas. Esse desequilíbrio entre a carga que não cresceu e a oferta que cresceu assustadoramente explica boa parte dessa questão desse alto custo da energia. A geração distribuída alcança cerca de 20 milhões de brasileiros, e a oferta também é maior entre 10h e 16h. Ou seja, as usinas e painéis solares geram muita energia num horário em que o consumo é baixo. No fim da tarde e no início da noite, quando essas unidades já não geram mais energia pela falta do sol, a demanda começa a crescer e exige que usinas térmicas, algumas poluentes e mais caras, entrem em operação, encarecendo o sistema. Antes, com um modelo mais baseado em hidrelétricas, o País conseguia gerar eletricidade de forma consistente em qualquer momento do dia. Hoje, embora haja energia barata e abundante nas horas com disponibilidade de sol e vento, o suprimento seguro no início da noite (momento de pico na demanda) necessita de usinas termoelétricas e outros recursos com custos elevados.
Há ainda um terceiro fator relacionado à questão geográfica. A maior parte da geração de energia renovável está na Região Nordeste, mas o consumo é maior na Região Sudeste. Essa diferença regional torna inviável o escoamento de toda a energia produzida ao longo do dia, gerando desperdícios e custos adicionais ao sistema. Uma crítica de especialistas é que quase todos os desequilíbrios do setor elétrico são repassados para o consumidor. Isso é histórico. Ocorreu com os efeitos do racionamento de 2001, quando as empresas precisaram de empréstimos para suportar a queda na demanda, e pode ocorrer agora. Ainda não se sabe qual será a solução para os prejuízos causados pelo "curtailment" (corte de energia de determinadas usinas). Mas, jogar alguma taxa para a conta de luz, sempre tem sido uma solução no setor. O excesso de energia ocorreu por causa dos subsídios para os painéis solares nas residências e para os consumidores do mercado livre, que não pagam muitos dos penduricalhos do setor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.