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03/Nov/2025

Máquinas: AGCO divulga resultado do 3º trimestre

A fabricante de máquinas agrícolas AGCO registrou faturamento de US$ 2,48 bilhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 4,7% ante igual período de 2024. Mesmo com receita menor, o lucro ajustado subiu e chegou a US$ 1,35 por ação, quase o dobro do nível de um ano antes (US$ 0,68 por ação), apoiado em redução de produção, corte de custos, reestruturação e venda de ativos. A empresa elevou a previsão de lucro ajustado para 2025 para cerca de US$ 5,00 por ação. A AGCO, dona de marcas como Massey Ferguson, Fendt e Valtra, informou que continua operando em um cenário de margens apertadas para o produtor rural. Segundo a companhia, a produção global de grãos perto de recordes em 2025 aumentou estoques e derrubou preços, o que pressionou a renda agrícola. A empresa disse que isso reduziu a disposição do agricultor em comprar máquinas de maior porte tanto na América do Norte quanto na Europa.

No trimestre, o lucro líquido foi de US$ 305,7 milhões (US$ 4,09 por ação), ante US$ 30 milhões (US$ 0,40 por ação) no terceiro trimestre de 2024. A base de comparação, porém, inclui efeitos não recorrentes em ambos os períodos. A AGCO concluiu a venda de sua participação na fabricante indiana Tafe por US$ 260 milhões, obtendo US$ 230 milhões líquidos após impostos. A empresa informou que esses recursos serão usados em um programa de recompra de US$ 300 milhões em ações no quarto trimestre de 2025. De janeiro a setembro, a receita líquida somou US$ 7,16 bilhões, queda de 18,4% frente ao mesmo intervalo de 2024, reflexo de demanda mais fraca e da saída do negócio de armazenagem e manejo de grãos ("Grain & Protein"), desinvestido em 2024. No acumulado do ano, o lucro líquido foi de US$ 631 milhões (US$ 8,45 por ação). O lucro ajustado no período foi de US$ 3,11 por ação. A empresa afirmou que respondeu ao desaquecimento do mercado reduzindo o ritmo de fábrica e segurando despesas.

A margem operacional ajustada ficou em 7,5% no terceiro trimestre, acima dos 5,5% de um ano antes. Segundo a AGCO, a combinação de corte de volumes, reestruturação e controle de custo ajudou a preservar rentabilidade mesmo com queda de vendas em alguns mercados importantes. Na América do Sul, as vendas caíram 9,5% no terceiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, quando se exclui o efeito cambial. A companhia citou demanda mais fraca em várias linhas de máquinas e preços sob pressão. O resultado operacional da região diminuiu US$ 22,6 milhões no trimestre, afetado por menor volume e por reduções de produção. Para o Brasil, a AGCO descreveu um quadro misto. As vendas de tratores no varejo da indústria no País cresceram 3% nos primeiros nove meses de 2025 na comparação anual, puxadas por modelos pequenos e médios e por condições comerciais consideradas favoráveis. A empresa avalia que o bom desempenho da soja e a colheita forte sustentam a procura por esses equipamentos. Ao mesmo tempo, disse que a demanda por máquinas grandes ainda não reagiu.

Segundo a companhia, o produtor brasileiro continua enfrentando custo de financiamento elevado, incerteza política e juros altos, fatores que limitam a renovação de frota de maior valor em 2025. A avaliação da AGCO é que esse ambiente também afeta a compra de colheitadeiras e tratores de alta potência em outros mercados do Cone Sul. A empresa não vê, por enquanto, retomada consistente nessas categorias na região. A AGCO afirmou que o cenário internacional segue heterogêneo. Na América do Norte, onde estão alguns dos maiores clientes de máquinas de alta potência e colheitadeiras, as vendas recuaram 32,1% no trimestre, desconsiderando os efeitos do câmbio. A empresa relatou "subprodução deliberada" em relação à demanda final e disse que os maiores recuos apareceram justamente em tratores grandes, pulverizadores e colheitadeiras. As margens na região ficaram negativas. O enfraquecimento no mercado norte-americano reflete, de acordo com a companhia, três fatores: incerteza sobre as exportações de grãos dos Estados Unidos, custo alto de insumos e crédito mais caro.

A AGCO destacou que, nos nove primeiros meses de 2025, as vendas de tratores na América do Norte caíram 10% e as vendas de colheitadeiras recuaram 29% em relação ao mesmo período de 2024, com as máquinas de maior porte sofrendo mais. Para 2025, a AGCO projeta receita anual de cerca de US$ 9,8 bilhões e margem operacional ajustada próxima de 7,5%. A empresa diz que os volumes de produção devem continuar mais baixos até o fim do ano, mas espera compensar parte desse efeito com controle de custos e despesas de engenharia estáveis. A estimativa de lucro por ação ajustado para o ano foi reafirmada em aproximadamente US$ 5,00. A companhia informou que as projeções consideram as tarifas em vigor até 31 de outubro de 2025 e suas medidas para mitigar o impacto de custos em componentes e preços finais. A AGCO alertou que mudanças adicionais em política comercial e tarifas podem afetar essa projeção. Fonte: Broadcast Agro.