22/Oct/2025
O Brasil perdeu cerca de 200 mil motoristas de caminhão nos últimos quatro anos, enquanto a produção de grãos bateu recordes sucessivos. A falta de profissionais já preocupa mais executivos do agronegócio do que os gargalos tradicionais de armazenagem e portos. O envelhecimento da categoria e a ausência de renovação geracional elevam o risco de atrasos no escoamento das safras nos próximos anos. dados apontam que 71% dos motoristas de carga têm mais de 50 anos e apenas 4% têm menos de 30. O Brasil perdeu 22% dos motoristas nos últimos dez anos. Não importa quão caro seja o frete: se não tiver motorista, simplesmente não transporta, afirma a GoFlux. O diagnóstico contrasta com a ideia de que o problema principal esteja na infraestrutura. Segundo a Louis Dreyfus Company (LDC), o País tem capacidade portuária suficiente para embarcar soja, milho, farelo e açúcar. Os portos brasileiros operam entre 240 milhões e 250 milhões de toneladas, enquanto a demanda total deve ficar perto de 215 milhões.
O gargalo surge quando dois produtos tentam embarcar ao mesmo tempo pelo mesmo terminal. Na armazenagem, o quadro é semelhante: os problemas são regionais, e não estruturais. O Brasil tem colheitas em tempos distintos e ciclos diferentes. Não dá para aplicar uma regra única de 20% a mais de capacidade para todo o País. Outro ponto de atenção é a tabela mínima de frete, cuja fiscalização ficou mais rigorosa neste mês. Desde 6 de outubro, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) passou a monitorar eletronicamente os valores pagos nas operações, cruzando informações do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e) com a tabela vigente. O sistema identifica automaticamente fretes contratados abaixo do piso mínimo, o que deve afetar principalmente o transporte de insumos no retorno das viagens. As rotas da Região Centro-Oeste já operavam acima da tabela, mas na Região Sul havia defasagem. No curto prazo, o impacto maior é no frete de retorno, principalmente de insumos.
O novo sistema pode acelerar a concentração do setor de transporte. Hoje, mais de 70% das transportadoras têm menos de cinco funcionários, o que revela forte pulverização. A consolidação pode trazer ganhos de eficiência, mas não resolve o problema central da falta de mão de obra. Num cenário muito positivo, o motorista está em casa 15 dias. Isso mexe com a estrutura da família e torna a profissão menos atrativa. A Grão Direto avaliou que a fiscalização mais rígida da tabela mínima pode forçar ganhos de eficiência. Quando se estabelece um piso para o frete, eleva a régua competitiva. Se o setor consegue atrair mais profissionais e oferecer melhores condições, resolve um problema estrutural. A solução passa por ampliar o uso das ferrovias, reduzindo viagens longas e aumentando o giro de caminhões em rotas curtas. Com percursos menores, melhora a qualidade de vida e torna o trabalho mais atraente para o jovem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.