21/Oct/2025
Com a taxa básica de juros em 15% ao ano, as indústrias de insumos agrícolas estão recorrendo a operações de barter (troca de produtos por commodities) e a linhas de financiamento em dólar para reduzir o custo do crédito e manter as vendas. A estratégia ganhou força diante da dificuldade de repassar integralmente os juros elevados aos clientes e da necessidade de alongar prazos em regiões afetadas por problemas climáticos. O barter permite que as indústrias vendam insumos e recebam o pagamento diretamente em commodities, como soja, milho ou algodão, em vez de Reais. Com isso, conseguem fazer operações em dólar, moeda mais forte e com juros menores, sem expor o produtor ao risco cambial. Esse produtor não tem risco em relação ao diferencial de moeda, porque vai pagar com soja, milho, algodão ou café. A estratégia é especialmente relevante para culturas voltadas à exportação. O algodão, por exemplo, produziu 4,1 milhões de toneladas na última safra, mas o consumo interno foi de apenas 700 mil toneladas. Sobram 3,4 milhões de toneladas para exportar, o que torna natural a operação em dólar.
Além do barter, as empresas buscam linhas de financiamento mais baratas. A Sumitomo passou a usar recursos voltados para projetos de sustentabilidade, com custo de 1% ao ano em Reais, bem abaixo dos juros de mercado. Fazendo um mix de funding, se consegue juros mais baixos. Essas linhas financiam recuperação de pastagens, investimentos ambientais e produtores que estão montando indústrias de etanol de milho e trigo. A Agrivalle não tem acesso a funding internacional barato como as multinacionais, mas ampliou o crédito mesmo assim. A companhia aumenta 2% o volume de crédito para cada 1% de crescimento no faturamento. Para viabilizar o financiamento do agricultor brasileiro, a empresa passou a adotar barter e diversificar fontes. É preciso acessar mercado de capital, mercado bancário, mercado internacional, mercado de seguros, garantia real. A UPL trabalha com operações securitizadas e fundos de investimento em direitos creditórios para garantir captação com custo controlado.
É preciso ter um funding garantido, um custo garantido. Repassar o custo integral dos juros para a cadeia não funciona. A composição de preço se influencia. A empresa atua para gerar funding, mas sem agredir tanto a rentabilidade. Em regiões com problemas climáticos consecutivos, as indústrias alongaram prazos drasticamente. A Sumitomo passou a trabalhar com 500 dias no Rio Grande do Sul, ante 210 dias em condições normais. A Basf passou a oferecer derivativos (instrumentos de proteção financeira) como parte do pacote de vendas. A empresa estruturou operações para proteger clientes contra oscilações de câmbio, clima e preço de commodities. Hoje, nas vendas de defensivos e sementes, as soluções financeiras são parte da solução de venda. As operações incluem proteção cambial para distribuidores que compram em Reais, mas têm exposição ao dólar por revenderem a produtores exportadores. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.