20/Oct/2025
Segundo a consultoria Argus, a continuidade da queda na importação de diesel russo pelo Brasil e o aumento do produto vindo da Índia e do Golfo Pérsico ao longo de outubro não eram esperados pelo mercado. Ainda assim, a possibilidade de maior disponibilidade de derivados de petróleo da Rússia a partir de novembro não é completamente descartada. Boa parte das manutenções não programadas de refinarias está prevista para ser concluída até novembro. Há uma expectativa de que as ofertas russas de produtos não sancionados voltem a ter peso na balança comercial brasileira, mas tudo dependerá do desenrolar do conflito com a Ucrânia. A oferta de diesel russo para o Brasil foi restringida devido a ataques com drones a 17 refinarias em agosto, realizados pela Ucrânia. Esses eventos causaram problemas de abastecimento local, sobretudo quando a Turquia, maior mercado consumidor de diesel russo, apresentou demanda expressiva. Contudo, não foram apenas esses fatores que limitaram a exportação para o Brasil.
Os descontos para o produto não sancionado embarcado nos portos russos foram menos agressivos comparado a outras origens, para além do combustível produzido pelos Estados Unidos. Isso estimulou, no segundo semestre, a entrada de empresas privadas buscando cargas na Índia e no Golfo Pérsico, onde os preços estavam mais atrativos por diversas circunstâncias internacionais. No primeiro semestre, essas operações estavam concentradas na Petrobras. Até junho, o Brasil importou 238.434 m³ de diesel da Índia e 858.500 m³ do Golfo Pérsico. Em setembro, esperava-se pouco menos de 440.000 m³ vindos dessas áreas nos portos nacionais. O relatório da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para esse período ainda não foi divulgado. Por outro lado, os fretes dos Estados Unidos encareceram recentemente, o que pode destacar a rota indiana. Com o pico da demanda turca superado, também pode haver espaço para mais derivados russos.
A questão é se a Rússia terá condições de atender plenamente os mercados. Existe a expectativa de que, a partir de novembro, os fluxos das refinarias retomem, mas a intensidade disso ainda é incerta. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrará novamente com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para negociar o fim da guerra na Ucrânia. A data ainda não foi definida. Para além do cenário Rússia-Ucrânia, o contexto geopolítico atual pressiona o Brasil a buscar fornecedores alternativos de combustível e de fertilizantes, segundo o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP). A política de Trump, que aumentou a taxação de importações e sancionou setores econômicos russos, agravou a vulnerabilidade de países importadores como o Brasil. O cenário internacional demanda uma política externa brasileira mais assertiva, reforçando a necessidade de o País adotar uma postura mais autônoma em sua política de segurança energética e de insumos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.