02/Oct/2025
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 29% das indústrias utilizam a cabotagem, a navegação na costa entre portos, para escoamento da produção. Entre as que não usam, uma em cada cinco adotaria o modal se houvesse condições adequadas de transporte. Apesar do potencial, 76% dos empresários que já utilizam a navegação entre portos afirmaram desconhecer o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem, o BR do Mar, marco regulatório em vigor desde julho. Entre os entrevistados que conhecem o programa, nove em cada dez apontaram benefícios, sobretudo a redução de custos, mencionada por 85% dos usuários e 70% dos que não utilizam o modal. Apesar de uma costa litorânea extensa, o País ainda usa pouco a navegação por cabotagem e os dados da pesquisa evidenciam esse potencial.
Para a indústria, que transporta grandes cargas e volumes, a modalidade é um grande diferencial para a competitividade do setor. Por isso, o BR do Mar é tão relevante. Atualmente, a cabotagem responde por 11% da matriz de transporte nacional, concentrada principalmente no escoamento de petróleo e derivados (75% do total movimentado). O principal entrave para maior adesão é a incompatibilidade geográfica, citada por 45% das empresas. Outros fatores foram a indisponibilidade de rotas (39%), o maior tempo de trânsito (15%) e a distância entre a origem do transporte e o porto (15%). O levantamento indica ainda que empresas do Rio Grande do Sul (17%), Bahia (13%), Rio Grande do Norte (13%) e Santa Catarina (13%) lideram em interesse por ampliar o uso do modal. A redução de custos foi apontada como principal atrativo por 79% das companhias que já utilizam a cabotagem, seguida pela segurança no transporte (21%).
Os custos de transporte no Brasil são elevados, uma vez que se utiliza equivocadamente o modal rodoviário em longas distâncias. Há um potencial de redução dos custos logísticos em cerca de 13% se houvesse melhor equilíbrio na matriz de transportes do País. Empresas que utilizam a cabotagem percorrem em média distâncias maiores, de 1,2 mil quilômetros entre produção e destino, ante 862 quilômetros das que não utilizam. O porte das companhias também influencia: apenas 7% das pequenas recorrem ao modal, frente a 22% das médias e 44% das grandes. Entre estas últimas, 8% relatam uso intenso da cabotagem. O BR do Mar, sancionado em 2022 e regulamentado em julho, prevê medidas para ampliar a oferta de navios e investimentos no setor. O Decreto nº 12.555/25 definiu regras para afretamento de embarcações estrangeiras por Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs).
O programa ainda depende de regulamentações adicionais, como as portarias sobre contratos de longo prazo e sobre o conceito de embarcação sustentável. A definição desses parâmetros deve considerar a competitividade. A CNI considera importante ter embarcações sustentáveis, mas os parâmetros não podem comprometer a necessária ampliação do uso do modal e o desenvolvimento da indústria naval brasileira, tampouco ser mais restritivos que em outros países. A cabotagem já é seis vezes menos poluente que o transporte rodoviário. A habilitação das empresas ao BR do Mar está vinculada a esses conceitos, e a CNI avalia como essencial a participação do setor produtivo na Consulta Pública. A entidade defende que as normas finais estejam alinhadas às necessidades do transporte por cabotagem, da indústria naval e dos usuários do modal. No total, 195 empresas de 29 setores da indústria, em todas as regiões do País, participaram da pesquisa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.