26/Sep/2025
Oito meses após concluir um processo de recuperação extrajudicial, a Unigel, empresa petroquímica que produz plástico, tenta fechar um novo acordo com seus credores até 16 de outubro para evitar uma recuperação judicial. Com R$ 3,8 bilhões em dívidas, a companhia defende junto a credores que cobranças sejam suspensas até janeiro, quando sua fábrica de ácido sulfúrico deve entrar em operação e começar a gerar caixa. Nos últimos meses, a empresa priorizou o pagamento de serviços ligados às obras da planta, acumulando dívidas com fornecedores antigos, que tentaram cortar o suprimento de matérias-primas, inclusive de gás. Diante do cenário crítico, a Unigel conseguiu, em agosto, uma liminar que suspendeu a execução de dívidas por dois meses.
O prazo, porém, está acabando, e a conversa com 48 credores continua difícil. Na mesa de negociação, a Unigel afirma que poderá gerar caixa para sobreviver assim que a planta de ácido sulfúrico começar a funcionar. O projeto, porém, foi anunciado em 2021 e seu cronograma foi alterado devido à crise da empresa. Instalada em Camaçari (BA) a um custo total de US$ 135 milhões, a unidade deve ficar pronta em dezembro para passar a operar no mês seguinte. No último mês de maio, as obras restantes ainda demandavam US$ 36,8 milhões, a maior parte desse aporte estava previsto para os últimos três meses de 2025. A fábrica está sendo construída com dinheiro gerado pela operação da empresa, daí a necessidade de suspensão das cobranças, diz a Unigel aos credores. No segundo trimestre deste ano, o fluxo de caixa das atividades operacionais da companhia foi negativo em R$ 77 milhões.
A Unigel atravessa uma crise desde 2023. À época, a alta do preço do gás tornou inviável a operação das plantas de amônia que a empresa havia arrendado da Petrobras. Essa área da companhia chegou a representar dois terços de seu Ebitda em 2022, quando o preço dos fertilizantes subiu de forma vertiginosa em função da guerra da Ucrânia, mas essa situação foi atípica. O contrato de arrendamento contava com o preço do gás estável apenas no primeiro ano. Após isso, com a alta da matéria-prima, a produção passou a significar perda de dinheiro. A companhia também investiu US$ 60 milhões em equipamentos para uma planta de hidrogênio verde, que permitiria que a empresa fabricasse amônia "verde", um produto com maior valor agregado.
No entanto, com a crise instalada, essa fábrica foi "encaixotada" na Europa, à espera de uma oportunidade. Do total da dívida da empresa, US$ 30 milhões se referem à compra desses equipamentos nunca usados. Para completar o cenário, a Unigel viu a produção de acrílicos se tornar economicamente inviável com a frequente entrada de materiais importados mais baratos no País. As duas plantas de acrílicos da companhia pararam a produção em abril deste ano. Assim, o que antes representava, em média, 60% da receita da companhia, a produção de plásticos, passou a ser 100% da receita. A estratégia então foi concentrar todos os recursos na construção da planta de ácido sulfúrico em Camaçari (BA). A expectativa da companhia para essa fábrica em construção é de produção de 600 mil toneladas por ano, com US$ 60 milhões de geração de caixa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.