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27/Aug/2025

Mineração: EUA pode intervir em negócio no Brasil

O setor privado minerador dos Estados Unidos pediu que o governo Donald Trump intervenha junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa de uma negociação privada do setor de minerais críticos no Brasil com a China. O pedido consta de comentário enviado pelo Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI) no processo aberto pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) contra supostas práticas comerciais desleais do Brasil, em meio ao tarifaço imposto por Trump aos produtos brasileiros. O AISI apontou riscos de concentração do controle de acesso ao níquel pela China, caso seja concluída a venda das operações da Anglo American, em solo brasileiro, para a MMG Limited, empresa australiana controlada pela estatal chinesa China Minmetals Corporation.

O negócio pode chegar a US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões), segundo a própria Anglo American anunciou quando acertou a venda total de suas operações para a MMG Singapore Resources Pte. Ltd, uma subsidiária da MMG Limited. A Anglo American informou que a transação envolve dois ativos operacionais de ferroníquel em Goiás, Barro Alto e Codemin (Niquelândia), e dois projetos de níquel para desenvolvimento futuro, Morro Sem Boné (Mato Grosso) e Jacaré (Pará). Segundo o AISI, se a anunciada aquisição dos ativos de níquel for bem-sucedida, a China obteria influência direta sobre uma parte substancial das reservas de níquel do Brasil, além de sua posição dominante na produção indonésia, exacerbando as vulnerabilidades existentes na cadeia de suprimentos para esse mineral crítico.

Minerais críticos são aqueles considerados essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética. Incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores. A discussão sobre o setor voltou à tona em meio às negociações do tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump, uma vez que os Estados Unidos demonstraram interesse pelo segmento. O AISI destaca que as reservas de níquel no Brasil e na Indonésia representam, juntas, quase a metade dos recursos totais do metal mundo que ficariam sob controle chinês. A entidade diz ainda que as operações brasileiras da Anglo American corresponderam a aproximadamente 40 mil toneladas em 2023.

A venda para a MMG envolveria instalações de mineração e refino. O negócio foi anunciado em fevereiro e teria, segundo o AISI, previsão de conclusão no terceiro trimestre deste ano, envolvendo 100% das operações de níquel da Anglo American no País. As empresas norte-americanas manifestaram preocupação com o fornecimento de minerais críticos aos fabricantes domésticos, sobretudo, no atual contexto de disputas e restrição de exportação determinada pela China para terras raras, ímãs e minerais críticos. Segundo elas, a negociação poderia afetar a cadeia de suprimentos. As empresas norte-americanas afirmam que este desenvolvimento ocorre em um momento em que os Estados Unidos já estão lidando com as consequências de políticas e práticas de distorção de mercado pela China e sua economia controlada pelo Estado, incluindo, em particular, na área de minerais críticos.

O governo dos Estados Unidos já documentou distorções significativas no setor de matérias-primas da China, particularmente em torno de subsídios estatais, financiamento não mercadológico e restrições à exportação. Os produtores norte-americanos de aço inoxidável veem a proposta de aquisição atual como um esforço da China para fortalecer ainda mais seu controle sobre os suprimentos globais de níquel. Por isso, a entidade pede que o governo Trump faça lobby junto ao governo Lula contra a negociação. “O AISI respeitosamente insta o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos a levantar essas preocupações com o governo brasileiro. É essencial que o governo do Brasil explore alternativas que preservariam a propriedade orientada para o mercado desses ativos estratégicos de níquel e garantam que o acesso futuro a esse mineral crítico permaneça aberto e justo." Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.