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15/Aug/2025

Bioinsumos: Vittia divulga resultado do 2º trimestre

A Vittia fechou o segundo trimestre de 2025 com prejuízo líquido de R$ 21,2 milhões, aumento de 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a perda havia sido de R$ 17,7 milhões. A receita líquida caiu 0,8% no intervalo, para R$ 99,1 milhões. Segundo a empresa, o resultado reflete a combinação de um período sazonalmente mais fraco e o atraso nas vendas de produtos biológicos e fertilizantes especiais. "O segundo trimestre é tradicionalmente de baixa demanda e pouco faturamento em função do intervalo entre safras". De acordo com a companhia, o prejuízo foi influenciado também por um Ebitda ajustado negativo em R$ 20,8 milhões, pior do que o registrado um ano antes, quando o indicador também ficou negativo em R$ 18,1 milhões.

A margem Ebitda ajustada caiu de -18,1% para -21,0%. No acumulado do primeiro semestre, a receita líquida da empresa foi de R$ 236,9 milhões, alta de 7% na comparação com o mesmo período de 2024. Ainda assim, o Ebitda ajustado do semestre também foi negativo, em R$ 13,9 milhões, resultado pressionado pela queda no lucro bruto e pela lentidão nas negociações para a próxima safra. Segundo a empresa, um dos fatores que pesaram no desempenho foi o comportamento mais cauteloso do produtor rural. "Observamos, através de indicadores e levantamentos de mercado, que existe um atraso na negociação de defensivos e fertilizantes especiais para a safra 2025/2026, fruto das incertezas presentes no País e no agronegócio. A companhia acrescentou que esse movimento já começou a se reverter: "Atualmente já observamos um ritmo mais alto de negócios e uma carteira de pedidos superior à do mesmo período de 2024."

Entre os segmentos operacionais, os fertilizantes de solo foram o destaque do trimestre, com avanço de 16,3% nas vendas, somando R$ 49,1 milhões. Esse crescimento, segundo a empresa, reflete a antecipação da demanda por parte dos produtores que já se preparam para a safra 2025/2026. No semestre, essa linha acumulou crescimento de 28,3%. Já as soluções biológicas e naturais recuaram 14,1% no trimestre, para R$ 23,7 milhões. Mesmo diante de prejuízo contábil, a empresa apresentou geração de caixa positiva. As atividades operacionais trouxeram R$ 115,2 milhões em recursos no segundo trimestre, um crescimento de 1,2% frente ao mesmo período de 2024. Com isso, a dívida líquida caiu para R$ 115,2 milhões, valor 20,6% inferior ao registrado no fim do ano passado. A alavancagem, medida pela relação entre dívida e Ebitda, ficou em 0,88 vez.

“Tivemos uma boa performance, principalmente levando em consideração o cenário desafiador de crédito e inadimplência enfrentado pelo agronegócio”, avaliou a administração. A empresa manteve controle sobre os custos e despesas. As despesas com vendas, administrativas e outras (SG&A) somaram R$ 88,9 milhões no semestre, queda de 0,6% frente ao primeiro semestre de 2024. A Vittia destacou que essa redução decorre de um plano de racionalização iniciado no fim do ano passado. Para o segundo semestre, a Vittia projeta melhora no desempenho. "Apesar dos desafios enfrentados no primeiro semestre, enxergamos a possibilidade de um bom segundo semestre, com uma demanda mais aquecida, que possibilite que a Vittia encerre o exercício com crescimento de receita, Ebitda e lucro", afirmou a administração. A companhia destacou, no entanto, que "o ambiente requer ainda muita atenção".

Após reportar prejuízo de R$ 21,2 milhões no segundo trimestre e ver seu valor de mercado recuar para R$ 729 milhões, a Vittia intensificou o discurso em defesa da recompra de ações. O CFO da companhia, Alexandre Del Nero Frizzo, afirmou que a empresa está "quase sendo obrigada" a executar o programa de recompra diante da atual desvalorização dos papéis. "Hoje a gente está quase sendo obrigado a seguir essa estratégia pelo preço das ações. Somos forçados a olhar o programa porque ele é muito evidente do ponto de vista de retorno e custo para o acionista", disse. A declaração ocorre após a companhia registrar forte geração de caixa operacional de R$ 115,2 milhões no trimestre, mesmo com resultado líquido negativo. O desempenho ajudou a reduzir a dívida líquida para R$ 115,2 milhões, patamar 20,6% inferior ao registrado no fim de 2024. A alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado caiu para 0,88 vez.

"Não achamos interessante ter dívida líquida zero, mas também não é hora de se alavancar com esse custo de capital e com a incerteza presente não só no agro como no País", afirmou Frizzo. No primeiro semestre, a Vittia destinou R$ 32,2 milhões à remuneração dos acionistas, sendo R$ 22,2 milhões em proventos pagos em janeiro e maio, e R$ 10 milhões em recompras de ações. Uma nova distribuição de R$ 20,8 milhões em juros sobre capital próprio foi aprovada em julho, com a primeira parcela de R$ 7 milhões quitada em 13 de agosto. A companhia já havia anunciado em outubro do ano passado seu quarto programa de recompra, com previsão de aquisição de até 4,5 milhões de ações ordinárias. A ação VITT3 encerrou o segundo trimestre cotada a R$ 4,85, queda de 8,5% em relação ao trimestre anterior. "A nossa estratégia sempre foi ter o mercado como parceiro. O que gostaríamos era de ver o mercado mais representativo dentro da Vittia, mas, do jeito que está, somos quase forçados a recomprar", afirmou o executivo.

Frizzo também indicou que a empresa poderá elevar o percentual de distribuição de lucros, agora que venceu a restrição contratual com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que limitava os pagamentos a 30% do lucro. "A partir deste ano, a gente não tem mais essa limitação. Podemos, sim, aumentar a distribuição", afirmou. Segundo ele, a estrutura de capital da empresa está equilibrada e permite maior flexibilidade financeira. A administração voltou a explicar que o prejuízo no trimestre está ligado ao perfil sazonal da companhia, ao atraso nas negociações de biológicos e à redução no mix de produtos de maior valor agregado. Sobre fusões e aquisições, Frizzo adotou tom cauteloso e disse que as oportunidades hoje são, em geral, de empresas alavancadas e que exigem grandes aportes. Segundo o executivo, a temperatura é mediana para baixo no M&A. "Estamos vendo tudo com mais prudência, principalmente pelo custo de capital alto e pela proximidade de um ano eleitoral", concluiu.

A Vittia projeta uma melhora nos resultados para o segundo semestre de 2025, apoiada na retomada das negociações e em carteira de pedidos mais robusta do que a registrada no mesmo período do ano passado. O CEO Wilson Romanini afirmou que, apesar da cautela dos produtores e da pressão sobre margens no segundo trimestre, a companhia tem observado um ambiente comercial mais favorável, especialmente em tecnologias como produtos biológicos e fertilizantes foliares. "Hoje, quando a gente olha a nossa carteira, ela é bastante interessante, melhor do que a do mesmo período do ano passado", disse o executivo, ao ser questionado por analistas sobre o ritmo de vendas. Segundo ele, a estruturação da área comercial, a entrada em novas culturas e regiões e a proximidade com os canais têm gerado maior volume de negócios. "A gente entende de forma muito clara que vai conseguir performar de forma positiva nesse ano", comentou. No segundo trimestre, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 21,2 milhões e Ebitda ajustado negativo de R$ 20,8 milhões.

O resultado refletiu o perfil sazonal do período, o atraso nas negociações para a safra 2025/2026 e um mix de vendas com menor valor agregado. Ainda assim, a linha de fertilizantes de solo cresceu 16,3% no trimestre e acumula alta de 28,3% no semestre. “Isso mostra que o produtor rural está investindo, e isso é muito importante para o processo”, afirmou Romanini. O executivo também comentou o ambiente macroeconômico, citando preocupação no setor com crédito mais restrito, taxas de juros elevadas e alavancagem mais alta em parte da cadeia. Nesse contexto, destacou que a Vittia vem fortalecendo suas parcerias com distribuidores e aproveitando a verticalização de sua estrutura industrial para manter competitividade. "Hoje a Vittia faz quase tudo dentro dela. Isso nos dá uma capacidade de custo e uma relação de custo-benefício importante para o produtor." Em relação aos preços, Romanini avaliou que o mercado está mais estável.

Segundo ele, não há expectativa de aumento de preços, mas também não se repetem as reduções observadas em 2024. "O mercado está um pouco mais acomodado", afirmou. Sobre a operação no México, iniciada este ano, o diretor de inovação, Edgar Zanotto, informou que a empresa já tem clientes relevantes e projeta atingir o ponto de equilíbrio em 2026. Toda a produção segue concentrada no Brasil, e os investimentos até o momento somam cerca de US$ 1 milhão. O CFO Alexandre Frizzo explicou que o valor tem impacto nas despesas, mas é considerado pouco relevante na alocação de capital da companhia. Frizzo reiterou ainda que a empresa segue cautelosa com fusões e aquisições. Segundo ele, o número de oportunidades é relevante, mas muitas exigem aportes elevados em negócios alavancados. O CFO destacou que o atual custo de capital, a incerteza no cenário macro e o valor de mercado da própria Vittia tornam o programa de recompra de ações mais atrativo. Fonte: Broadcast Agro.