13/Aug/2025
Segundo a S&P Global Commodities Insights, minerais críticos tornaram-se questão de segurança para Estados Unidos e China, e o Brasil pode ganhar protagonismo. Os minerais críticos estão no topo da agenda nacional de segurança nos Estados Unidos. Eles estão diretamente ligados ao ritmo de desenvolvimento da inteligência artificial e ao que os Estados Unidos veem como uma luta contra a China pelo domínio da inteligência artificial, particularmente pelas suas implicações militares e de IA. Para o Brasil, existe a capacidade potencial de ser um suprimento de minerais críticos, mas também de ter um papel no processamento futuro.
O embaixador Alexandre Parola alertou que o Brasil pode repetir erros do passado e criar novas dependências tecnológicas caso não avance na industrialização de insumos estratégicos, como os metais raros. O Brasil tem dez vezes mais reservas do que os Estados Unidos, mas produz 200 vezes menos. O País precisa de legislação para isso. Sem ela, esse potencial ficará subaproveitado ou continuará no subsolo. Países como Congo, Namíbia e Zâmbia já adotam políticas que proíbem a exportação bruta e exigem o processamento local, estratégia que deve ser considerada pelo Brasil. Há o risco de reproduzir os padrões antigos de dependência tecnológica: o País se tornar grande produtor de um insumo, mas dependente de importação para processá-lo.
O diplomata inseriu o tema no contexto da transição energética, que considera parte de uma transformação mais ampla. O processo é impulsionado por dois fatores principais: o esgotamento das fontes fósseis e a crise climática. Parola também defendeu maior protagonismo brasileiro na definição das regras globais. Se o Brasil vai cumprir normas, que sejam normas que ajudou a escrever. Na diplomacia, se começa a perder uma negociação já na definição da agenda. A combinação de recursos naturais e posição geopolítica coloca o País “na mesa central de discussão estratégica”. O desafio é chegar a essa mesa “com um mandato claro” e preparado para proteger os interesses nacionais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os três Poderes precisam pensar estrategicamente em como vão tratar dos minerais críticos de terras raras brasileiras. O padrão brasileiro é exportar commodity. Mas, é preciso pensar nesse caso específico porque é muito especial. Não é como minério de ferro, que tem muitos lugares. No caso destes minerais, há uma concentração no Brasil e na China. Por isso, países estão “de olho” no território nacional, disse Haddad. É preciso pensar em uma forma de agregar valor a esse minério.
Ele lembrou que o governo brasileiro chegou a discutir com o governo dos Estados Unidos, na gestão do ex-presidente Joe Biden, a possibilidade de joint ventures no Brasil para produção de baterias no País e para a transferência de tecnologia. A expectativa é ter esse entendimento com a Europa, China e com os Estados Unidos. Fazer acordos de cooperação tecnológica para agregar valor no Brasil. Ele defendeu que o Brasil não seja um simples exportador de mais uma commodity, e acrescentou que esse debate não pode ser adiado. Fontes: Valor Online e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.