11/Aug/2025
A Boa Safra encerrou o segundo trimestre de 2025 com receita líquida de R$ 125,1 milhões, alta de 42,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido avançou 37% no comparativo anual, para R$ 24,8 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 45,4% e somou R$ 10,5 milhões, com margem de 8,4%. Segundo a empresa, os resultados refletem a operação em capacidade plena de 280 mil big bags, o crescimento nas vendas de outras culturas e a formação de uma carteira de pedidos recorde de R$ 1,6 bilhão, dos quais R$ 52 milhões em milho, trigo, feijão, sorgo e forrageiras. Segundo o CEO Marino Colpo, a carteira atingiu "o maior nível da série histórica" e sinaliza trimestres fortes à frente.
"Apesar da gente não ter faturado, a gente mostra uma carteira de pedidos muito, muito robusta. Se todos esses pedidos se concretizarem, leva a crer que a gente vai ter um terceiro e um quarto trimestre positivos", afirmou. A estratégia da companhia tem sido aumentar a presença em pequenas e médias revendas. Em 2024, a Boa Safra atendeu 697 lojas em todo o País, e a meta é crescer esse número de forma expressiva em 2025. "Estamos fazendo muitas visitas por mês. Os pedidos refletem essa maior penetração", disse. O crescimento de volume também impulsionou os números do semestre. Em 2024, a capacidade instalada era de 240 mil big bags, mas foram efetivamente processadas 205 mil unidades. Neste ano, a produção chegou ao limite técnico, com 280 mil big bags.
"No ano passado a gente não conseguiu produzir o total. Acabamos crescendo dois anos em um. É um desafio enorme crescer 40% em volume, em entrega, em todas as métricas", afirmou Colpo. A receita com outras culturas mais que dobrou no semestre, de R$ 73 milhões para R$ 162 milhões. Parte desse avanço decorre da antecipação logística das entregas de soja, que normalmente se concentram no segundo semestre. Colpo destacou que ainda há grande espaço de crescimento nas demais culturas. "Quando somamos milho, sorgo, trigo, feijão e forrageiras, temos um mercado quase do tamanho da soja. Mas ainda estamos na terraplanagem", disse. O lucro bruto no trimestre foi de R$ 47,2 milhões, crescimento de 49,7% sobre o 2º trimestre de 2024.
O resultado financeiro líquido, positivo em R$ 10,6 milhões, subiu 167,5% em 12 meses, com destaque para os ganhos com derivativos vinculados ao swap da primeira série do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) emitido em janeiro, que geraram R$ 30,7 milhões em receita. A dívida bruta totalizava R$ 853 milhões no fim de junho, abaixo dos R$ 955 milhões registrados um ano antes. A dívida líquida foi de R$ 223 milhões, com R$ 630 milhões em caixa e aplicações financeiras. Segundo o CFO Felipe Marques, 90% das obrigações têm vencimento superior a 12 meses. "Temos uma das melhores estruturas de capital do agro em termos de perfil de dívida. Isso nos permite tomar decisões sem preocupação de curto prazo com liquidez", afirmou.
A provisão para perdas esperadas (PDD) subiu de R$ 784 mil para R$ 14,5 milhões no comparativo anual. Marques explicou que o aumento decorre de uma postura mais conservadora. "Fomos rigorosos, mas mesmo assim nossa inadimplência é uma das menores do setor. Temos uma carteira de R$ 580 milhões e estamos confiantes na recuperabilidade dos valores." Apesar do avanço nas despesas operacionais, a empresa diz que a meta é manter os custos crescendo em ritmo inferior ao das entregas. “Estamos crescendo 40% em volume. É natural que cresçam energia, frete, equipe comercial. O desafio é crescer menos (em custos) que os volumes (entregues), para ganhar eficiência mesmo num ano apertado para a soja”, afirmou Colpo.
A média de venda da saca de soja, segundo ele, caiu de R$ 200,00 para R$ 110,00 nos últimos cinco anos. O CEO também destacou o aumento das vendas de sementes com biotecnologia avançada. “O produtor continua disposto a comprar semente de alta qualidade. Temos visto crescimento forte nas vendas. Mesmo num ano desafiador, estamos vendendo mais tecnologia”, disse. Ele projetou tendência de alta no custo da semente dentro da estrutura de insumos agrícolas. “Em 2008, a semente era 3% do custo da lavoura de soja. Hoje representa 15%. A inovação está concentrada em sementes e biológicos.” Para o segundo semestre, a prioridade será converter estoques em faturamento e manter a eficiência da operação. “Todas as linhas estão crescendo. Os dois primeiros trimestres do ano respondem por 20% da nossa receita. Os outros 80% vêm agora. Estamos preparados para entregar”, concluiu Colpo.
A Boa Safra prevê que a área de soja no Brasil crescerá entre 1,5% e 3% na safra 2025/26, mesmo diante do cenário de margens apertadas no campo. “A minha sensação, conversando com produtores, é que o crescimento deve ficar entre 1,5% e 2%. A Conab projeta 3,2%”, disse o CEO Marino Colpo, durante coletiva de apresentação de resultados. Para ele, o aumento segue sustentado pela conversão de pastagens e pela continuidade de projetos de expansão iniciados nos últimos anos. A companhia vê o cenário como oportunidade para ampliar sua presença no mercado nacional de sementes, hoje estimada em 8%, e manter a estratégia de diversificação para além da soja. “Mesmo em momentos difíceis, se continua crescendo. Cresce-se menos, mas cresce. A gente não vislumbra nenhum tipo de cenário de redução de área de soja”, afirmou o CFO Felipe Marques.
Apesar dos avanços nas outras culturas, a soja segue como principal vetor de crescimento. “Temos uma avenida enorme de crescimento na soja. O Brasil ainda está longe do teto e a Boa Safra tem apenas 8% do mercado nacional. Há espaço”, afirmou Colpo. A Boa Safra encerrou o segundo trimestre com produção de 280 mil big bags de sementes, no limite da capacidade produtiva. A carteira de pedidos somava R$ 1,6 bilhão ao fim de junho. Segundo a companhia, o maior volume continua concentrado na soja, mas culturas como milho, trigo, feijão, sorgo e forrageiras já somaram R$ 52 milhões em vendas no ciclo, maior valor registrado nessas linhas. O CEO destacou que o mercado de outras culturas é promissor, mas ainda está em estágio inicial. “Quando você soma todas essas outras culturas, tem um mercado quase do tamanho da soja. Mas ainda estamos na terraplanagem”, afirmou. As vendas que não soja somaram R$ 162 milhões no acumulado do primeiro semestre, mais que o dobro dos R$ 73 milhões registrados no mesmo período de 2024.
A empresa também observa maior demanda por cultivares com biotecnologia embarcada, como Intacta 2 Xtend, Enlist e novos tratamentos. “A semente hoje representa 15% do custo da lavoura, contra 3% em 2008. A inovação está na semente. O produtor continua disposto a investir nisso, mesmo num ano mais apertado”, disse Colpo. O foco da empresa para o segundo semestre está na conversão dos estoques em receita. A maior parte da entrega ocorre nos últimos meses do ano, com o avanço do plantio da soja. Segundo Marques, 90% da dívida está concentrada no longo prazo, o que dá liberdade para a companhia focar na execução comercial do ciclo. A liquidez, de acordo com o executivo, permite à empresa atravessar períodos de maior consumo de caixa com segurança. “Temos uma das melhores estruturas de capital do agro”, afirmou.
A Boa Safra reafirmou que continuará com foco no atendimento B2B e na diversificação da base de revendas e distribuidores, sem intenção de migrar para vendas diretas ao produtor. Segundo o diretor financeiro, Felipe Marques, o objetivo é reduzir a concentração de vendas em grandes clientes e ampliar a penetração da companhia em outros segmentos do mercado de sementes. "A nossa estratégia comercial não muda, então é B2B, esse é o nosso core como companhia. Não há nenhum tipo de alteração", afirmou. O executivo destacou que a redução da concentração foi uma resposta às transformações no setor, que registrou menor participação de grandes players na distribuição nos últimos anos. Com isso, a Boa Safra passou a acessar canais que antes não eram explorados, com atuação em mercados regionais e em culturas distintas da soja.
Hoje, as demais culturas representam cerca de 12% das vendas, mas Marques avalia que há espaço para que, somadas, alcancem um mercado do tamanho do segmento de soja. "Vemos uma avenida de crescimento muito ampla nessas outras sementes, e isso nos permite penetrar mais nos clientes que já atendemos", disse. A companhia encerrou o segundo trimestre com produção de 280 mil big bags, atingindo o limite técnico de capacidade, e receita líquida de R$ 125,1 milhões, alta de 42,9% em relação ao mesmo período de 2024. O lucro líquido foi de R$ 24,8 milhões, avanço de 37%, e o Ebitda ajustado cresceu 45,4%, para R$ 10,5 milhões, com margem de 8,4%. A carteira de pedidos somava R$ 1,6 bilhão ao fim de junho, com participação crescente de revendas de pequeno e médio porte. Para sustentar o crescimento, a empresa pretende manter cautela na alocação de recursos.
Não há guidance de expansão de capacidade para 2026, e a decisão sobre investimentos será tomada no fim do ano, após análise de oportunidades e do custo de capital. "Imobilizar capital nesse custo tem que ser algo muito no-brainer (óbvio) para a gente tomar essa decisão", disse Marques, citando taxas acima de 15% ao ano. A prioridade será adotar modelos asset light, como o implementado na expansão para o Sul, com produção terceirizada e arrendamentos, e aproveitar o potencial de brownfields, unidades já existentes com capacidade para ampliação rápida e menor exigência de capital. Segundo o CFO, a flexibilidade para crescer sem grandes aportes é estratégica diante do aumento da demanda por capital de giro no setor. "Não vamos ser menos diligentes porque temos mais liquidez. Temos responsabilidade com o nosso acionista e com os nossos credores também", afirmou.
Essa postura também se reflete na política de crédito e na gestão de risco, áreas que a empresa vem reforçando desde o IPO, com a adoção de seguro de crédito e a estruturação de operações de venda de recebíveis. Para Marques, a preparação da companhia ao longo dos últimos anos foi decisiva para enfrentar um cenário de margens mais apertadas e maior necessidade de financiamento por parte dos clientes. "A gente se preparou para o crescimento da relevância da semente no custo de produção, que hoje já representa mais de 15% dos insumos da lavoura, contra 3% em 2008. Isso exige que estejamos prontos para suportar o produtor", disse. A Boa Safra projeta concentração da maior parte das vendas do ano neste segundo semestre, em um cenário de clientes mais cautelosos na tomada de decisão e de relações de troca menos favoráveis no campo.
Segundo o CFO Felipe Marques, produtores e revendas têm postergado pedidos, o que mantém oportunidades abertas, mas exige mais esforço comercial para converter a produção em faturamento. “As decisões estão sendo tomadas mais tarde. Tem mais negócios para serem feitos no mercado”, disse durante teleconferência de resultados. A carteira de pedidos atingiu R$ 1,6 bilhão ao fim de junho, com parte relevante ainda a ser faturada. Marques ressaltou que o desafio agora é transformar a capacidade produtiva em vendas, maximizando a alavancagem operacional para diluir custos fixos e despesas administrativas. “Se conseguirmos traduzir toda essa produção, ou um porcentual elevado dela, em vendas, teremos uma recuperação de rentabilidade mais pela diluição de custos do que pelo ticket médio”, afirmou. O CFO lembrou que 2024 foi marcado por um evento climático atípico que limitou a produção e impediu o crescimento planejado. “Acabamos crescendo dois anos em um”, disse.
Para 2025, o cenário é diferente: a produção está garantida e a prioridade é a execução comercial. Historicamente, cerca de 80% da receita anual é registrada na segunda metade do ano, reforçando a importância do período atual. Na avaliação de Marques, o comportamento mais seletivo dos compradores reflete não apenas as condições de mercado, mas também a pressão por capital de giro no setor. Embora a empresa tenha registrado aumento expressivo de adiantamentos de clientes no trimestre, revertendo a retração de 2024, a tendência é que a demanda por crédito continue elevada até o fim do ciclo. O executivo afirmou que a estrutura comercial e financeira construída nos últimos anos, incluindo operações com seguro de crédito e venda de recebíveis, coloca a Boa Safra em posição de suportar esse ambiente sem comprometer a solidez. “Temos capacidade para atender à demanda, mas seguimos sendo rigorosos na concessão de crédito e na gestão de risco”, disse. Fonte: Broadcast Agro.