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11/Aug/2025

Diesel: importadores temem sanções contra Rússia

Importadores brasileiros de diesel da Rússia reativaram contatos com fornecedores norte-americanos e estão criando planos de contingência caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faça um embargo contra as vendas russas ou ameace o Brasil com novas sanções pela compra do combustível. No dia 6 de agosto, Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos importados da Índia em razão da compra de petróleo russo. O Brasil recebeu a mesma taxação, mas o argumento de Trump contra o País foi diferente e teve contornos políticos, com a crítica do norte-americano ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e ao que ele considera uma perseguição ao seu aliado político. Assim, autoridades e empresários brasileiros passaram a temer que Trump possa avançar em novas sanções contra o Brasil, dessa vez com o pretexto das compras russas.

A Rússia está sob embargo dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) desde 2022, quando invadiu a Ucrânia. Mais recentemente, os Estados Unidos intensificaram o bloqueio, com sanções a países que mantêm negócios com a Rússia, para pressionar por um cessar-fogo. A Rússia é o maior fornecedor de diesel importado ao Brasil, com 66% de participação. Um quarto do mercado brasileiro é abastecido com diesel importado, uma vez que o refino interno não dá conta da demanda pelo combustível. Grandes distribuidoras e refinarias, como Vibra, Ipiranga e Raízen, além da Refit (antiga Manguinhos) e da Atem, no Amazonas, estão comprando diesel russo. A Ipiranga informou que não comprou de empresas sob embargo. A Vibra afirmou que as suas compras passam por rigorosas avaliações de compliance de renomados escritórios no Brasil e no exterior, conformidade regulatória e qualidade.

E acrescentou que na aquisição de diesel russo, não foi diferente, tanto que a Vibra foi a última empresa a utilizar essa origem em sua estratégia logística. A Raízen disse que não vai comentar porque está em período de silêncio. Até a Rússia ocupar o lugar de principal supridor do mercado doméstico, o maior fornecedor era justamente os Estados Unidos. As compras da Rússia começaram a crescer em 2022. As importações cresceram porque a Rússia passou a vender diesel mais barato, em razão do embargo. Isso fez com que os russos, de um fornecedor responsável por menos de 1% das importações brasileiras, passassem a ser o principal supridor do País. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) afirma que, caso o Brasil tenha de suspender o comércio de diesel com a Rússia, o preço no mercado interno vai aumentar. Hoje, o diesel da Rússia é mais barato do que o diesel do mercado internacional.

É um desconto em torno de US$ 0,02 por galão. É pequeno, mas já foi grande, já chegou a US$ 0,15 por galão. Mantida a situação normal, esse desconto poderia ser aumentado, voltar para a faixa dos US$ 0,10, US$ 0,15 por galão no final de setembro. O maior temor não é de uma interrupção das vendas russas ao Brasil, mas de um bloqueio total das vendas do país para o mundo. A Rússia responde por quase 10% do mercado global de petróleo e derivados. O governo brasileiro já ligou o radar para o problema e prepara um plano de contingência, ainda que não enxergue neste momento gravidade extrema. Tanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) quanto o de Minas e Energia (MME) foram informados pelo setor privado de que não há risco de desabastecimento e de que é possível comprar diesel de outros países. Ainda assim, o efeito sobre preços é incerto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.