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07/Aug/2025

Insumos: FMC Corporation apostando no Brasil

O Brasil consolidou-se como a maior unidade de negócios da multinacional norte-americana de insumos FMC Corporation, responsável por cerca de 25% das vendas globais da empresa e à frente da operação nos Estados Unidos. A participação brasileira vai desde a fase inicial de concepção de novas moléculas até a definição de estratégias de lançamento mundial, influenciando diretamente o portfólio global da companhia. A empresa tem um centro de pesquisa em Paulínia (SP) que é parte do centro de inovações da FMC global. O processo de descobrimento de novas moléculas e de desenvolvimento de novos produtos ocorre aqui ao mesmo tempo que no nosso centro global. O Brasil orienta, influencia e participa da concepção dos novos produtos. O País é um dos primeiros a receber lançamentos estratégicos, como o feromônio Sofero Fall, para controle da lagarta-do-cartucho, e o herbicida Isoflex, para arroz e algodão.

A empresa também criou a Academia de Ciências em Paulínia, que já recebeu mais de 3 mil visitantes entre pesquisadores, distribuidores e produtores, aproximando os produtores rurais dos cientistas responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias. O Brasil reúne dois vetores de crescimento: expansão da área agrícola e alta velocidade na adoção de tecnologias. Mais de 50% das novas áreas para alimentar o mundo vão vir do Brasil. O ganho de participação vem fundamentalmente através das novas tecnologias. Nos próximos cinco anos, a FMC viverá o momento mais fértil de tecnologia e inovação em seus 140 anos de história. O fortalecimento da operação brasileira ocorre após um ciclo de ajuste iniciado no fim de 2023, quando a empresa reduziu estoques elevados e mais caros que a média do mercado, formados no período de inflação e escassez durante a pandemia. No primeiro trimestre de 2025, para não pressionar ainda mais os estoques de distribuidores e revendas, a FMC segurou o ritmo de vendas e investiu mais de R$ 50 milhões no País, ampliando equipes e operações.

Parte desse capital veio da venda da operação comercial na Índia, redirecionada para mercados considerados mais atrativos. No segundo trimestre de 2025, a receita global da FMC somou US$ 1,05 bilhão, alta de 1% na comparação anual, com volumes 6% maiores e preços 3% mais baixos, metade dessa queda ligada a contratos indexados a custos de fabricação. O Ebitda ajustado avançou 2%, para US$ 207 milhões, enquanto o lucro líquido caiu 77%, a US$ 67 milhões, em função de ganhos fiscais não recorrentes registrados no mesmo período de 2024. Na América Latina, a receita cresceu 5% em moeda constante, com destaque para o Brasil, que já fechou entre 30% e 40% da carteira de pedidos para o segundo semestre, nível superior aos últimos dois anos. A consolidação brasileira coincide com a lenta saída da crise de 2023/2024 no setor de defensivos, marcada por estoques altos e dificuldades financeiras na distribuição. O momento mais crítico passou.

Os estoques estão em fase de normalização, a situação é melhor que há dois anos, mas ainda há espaço de eficiência a buscar. A safra recorde de milho e soja traz liquidez ao produtor, mas o endividamento acumulado segue no radar. Existe um nível de alavancagem no mercado que não se resolve em uma safra. Leva algumas safras para ser resolvido. A empresa tem valores a receber de distribuidores em recuperação judicial e trata “caso a caso, dentro do que a lei permite”. Apesar dos desafios, a distribuição segue estratégica e responde por cerca de 50% das vendas da FMC no País. A empresa apoia os distribuidores e não deixará de fazer isso. O ambiente de negócios, contudo, permanece mais apertado que no período de euforia de 2019 a 2021. A rentabilidade sustentável virá de boas produções e preço de commodities estável, sem oscilações extremas entre safras. Eventos climáticos, como estiagens e excesso de chuvas na Região Sul e secas atípicas em Mato Grosso, reforçam a aposta da empresa na integração de soluções químicas, biológicas e digitais.

A plataforma digital ARC monitora 7 milhões de hectares no Brasil e prevê surtos de pragas com dias de antecedência, permitindo otimizar aplicações e reduzir custos. No cenário externo, a companhia estima impacto anual de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões das tarifas adicionais dos Estados Unidos, já mitigado pela diversificação da produção em fábricas na Ásia, Américas e Europa. A estratégia também inclui manter investimentos em inovação mesmo após a incorporação do portfólio da FMC Ventures à área de estratégia global, priorizando recursos para tecnologias em lançamento ou próximas do mercado. Para o segundo semestre, a empresa projeta desempenho no Brasil acima da média global, sustentado por safra cheia, normalização gradual de estoques e novos produtos. A história da FMC nos próximos cinco anos será definida pela tecnologia, e o Brasil é um forte consumidor de tecnologia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.