05/Aug/2025
Segundo o levantamento FarmTrak Café da consultoria Kynetec, a cafeicultura brasileira movimentou US$ 493 milhões em defensivos agrícolas na temporada 2024/2025. O valor representa leve recuo de 1% frente à safra anterior, influenciado pela queda de 10% nos preços dos insumos em Reais e por um câmbio desfavorável. A retração nos preços dos insumos reflete a maior oferta de produtos genéricos e pós-patentes. O tíquete médio em dólar caiu bastante, mas em contrapartida teve um crescimento importante na adoção de tecnologia, com maior uso de produtos. Apesar do recuo financeiro, houve aumento de 20% na intensidade dos tratamentos fitossanitários. A área potencial tratada, que considera o número médio de aplicações por hectare, chegou a 35,2 milhões de hectares.
Esse crescimento em adoção de tecnologias reflete cenários de pressão de pragas, doenças fúngicas e nematoides, bem como a demanda por herbicidas face à incidência de plantas invasoras. Entre os principais desafios sanitários estão broca-do-café, ferrugem, cercospora e plantas daninhas como trapoeraba, buva, capim-pé-de-galinha e corda-de-viola. A alta dos preços do café na safra estimulou os produtores a investirem mais na proteção das lavouras. Foram as maiores cotações históricas tanto para o arábica quanto para o conilon. Em um cenário de preços recordes, o produtor tem uma disposição maior para investir. Observa-se ainda uma aproximação entre os níveis de investimento nas lavouras de arábica e conilon. Historicamente, o investimento no arábica era até o dobro do conilon.
Hoje, a diferença está em torno de 30%. Os fungicidas foliares seguem na liderança entre os produtos mais utilizados na cafeicultura, com vendas de US$ 143 milhões, quase estáveis em relação aos US$ 145 milhões da safra anterior. Entre os principais subtipos estão os chamados "stroby mix" (36%), fungicidas cúpricos (25%), produtos para florada (21%), premium (12%) e os voltados para ferrugem (4%). Na segunda colocação estão os produtos aplicados por jato dirigido ao solo ("solo/drench"), que somaram US$ 107 milhões, o equivalente a 22% do mercado total, três pontos a menos do que no ciclo anterior. O subsegmento de maior destaque foi o "drench fungicida + inseticida", que cresceu em participação e respondeu por 71% dos negócios (US$ 76 milhões).
Os inseticidas foliares aparecem como a terceira categoria mais demandada, com US$ 106 milhões movimentados e 20% de participação, alta de 6% na comparação anual. Na quarta posição estão os herbicidas, com participação estável de 19% e vendas de US$ 94 milhões. O glifosato perdeu espaço (de 45% para 37% da categoria), enquanto herbicidas pré-emergentes ganharam relevância (de 24% para 31%). Esse movimento reflete a resistência crescente ao glifosato: hoje, o glifosato não controla mais todas as plantas daninhas. O produtor precisa complementar o manejo com outras moléculas. Os nematicidas específicos apresentaram um dos maiores avanços em adoção, saltando de 8% para 15% da área tratada, com alta de 40% em valor, chegando a US$ 26 milhões, ou 5% do total do mercado. Já outros produtos, como adjuvantes, óleos e reguladores de crescimento, somaram US$ 17 milhões (3%).
A pesquisa, que ouviu mais de 1.100 produtores de diferentes portes nas principais regiões cafeeiras, aponta forte variação regional na adoção de defensivos. No Triângulo Mineiro (MG), por exemplo, a pressão de pragas como bicho-mineiro e ácaro é mais intensa, o que eleva os gastos com proteção. O investimento médio nessa região chega a ser o dobro da média nacional. O Sul de Minas, com clima mais úmido, concentra investimentos maiores em fungicidas. A pesquisa da Kynetec aponta estabilidade na área cultivada, com 2,1 milhões de hectares de café nas regiões pesquisadas. O tipo arábica corresponde a 83% do total, enquanto o conilon representa 17%. O Sul de Minas Gerais lidera o cultivo, com 588 mil hectares e 28% da área total. Em seguida vêm o Espírito Santo (20%), Cerrado Mineiro (17%), Zona da Mata/Vale do Rio Doce (17%) e o estado de São Paulo, com 10%. Estados como Roraima, Bahia e Paraná completam os 7% restantes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.