23/Jul/2025
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) defende a implementação de um sistema de agendamento obrigatório para caminhões em Miritituba (PA), nos moldes dos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), como forma de evitar, no escoamento da safra de milho, a repetição dos congestionamentos que marcaram a safra 2024/2025 de soja. A implementação de um sistema de agendamento de embarques, como já ocorre em portos como Santos e Paranaguá, é fundamental. Essa é uma das soluções estruturais para os gargalos logísticos na região. Os embarcadores, representados pela Abiove, estão dispostos a colaborar para que esse modelo seja desenvolvido também em Miritituba. Os problemas recorrentes no complexo portuário são atribuídos ao não cumprimento de investimentos contratuais. Os problemas logísticos em Miritituba persistem porque os investimentos previstos em contrato não foram integralmente executados. Há atrasos significativos nas obras de acesso ao terminal, que já deveriam estar concluídas.
Com a recente otimização contratual aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a expectativa é de que os investimentos sejam finalmente realizados conforme o acordado, solucionando as pendências de infraestrutura. A infraestrutura física não resolve completamente o problema, não garante fluidez logística. Também são necessários sistemas de apoio eficientes (como guinchos, ambulâncias, equipes de socorro e policiamento), além de um sistema de agendamento eficaz para organizar o fluxo de caminhões na região. Em maio, a BR-230 registrou filas de 3 mil caminhões em 30 quilômetros de extensão, com motoristas relatando esperas de até quatro dias para acessar o porto. A situação levou ao pagamento de taxas extras por atraso no descarregamento. A concessionária Via Brasil BR-163 divulgou nota no dia 15 de julho reafirmando que atua em parceria com a Polícia Rodoviária Federal para organizar o tráfego. A empresa apresentou estudo que inclui multas para veículos em situação irregular e propõe agendamento obrigatório para descarregamento nos terminais privados.
Para o curto prazo, é preciso reforçar a presença do poder público. No curto prazo, o principal passo seria reforçar o apoio do poder público, com a ampliação da presença de viaturas para ordenamento do trânsito e a disponibilização de serviços de emergência que possam atuar rapidamente em casos de acidentes ou eventos climáticos, como chuvas intensas. Essas medidas ajudariam a evitar paralisações prolongadas e garantiriam mais segurança e previsibilidade ao transporte. A Abiove tem mantido diálogo com órgãos federais sobre o tema. A entidade tem atuado junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para cobrar o cumprimento dos contratos de concessão e a entrega das obras previstas. Também tem dialogado com a Polícia Rodoviária Federal, solicitando atuação mais intensa na região, e com o Ministério dos Transportes para acompanhamento contínuo do tema. Sobre a questão da armazenagem nas propriedades, que contribui para antecipar o fluxo rodoviário, mudanças são possíveis. O aumento da capacidade de armazenagem nas propriedades depende, sobretudo, da decisão dos produtores rurais e de políticas públicas que incentivem esse tipo de investimento.
Para o médio prazo, a solução está na coordenação entre diferentes medidas. A resposta passa, em grande parte, pelas iniciativas já mencionadas: cumprimento dos investimentos em infraestrutura, fortalecimento dos sistemas de apoio logístico e implantação de um sistema de agendamento robusto. Com essas ações estruturadas e coordenadas entre setor privado e poder público, é possível garantir um escoamento mais eficiente, mesmo em períodos de grande volume de safra. O complexo de Miritituba funciona como alternativa aos portos das Regiões Sul e Sudeste para o escoamento de grãos de Mato Grosso e Pará. O local também é ponto de chegada previsto para a Ferrogrão, ferrovia de 933 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba, que aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre questões ambientais e indígenas. O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o projeto está incluído no Plano Nacional de Logística 2050, mas dependerá de aportes públicos para ser viável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.