11/Jul/2025
O anúncio do tarifaço de 50% ao Brasil nesta quarta-feira (09/07), pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu uma luz vermelha no setor siderúrgico brasileiro. O grande receio é que a medida adotada como parte de um "estresse político" entre os dois países afete as negociações que vinham sendo realizadas para manter o sistema de cotas de exportação, adotado em 2018 na primeira gestão de Trump. As empresas brasileiras que fabricam e exportam aço foram atingidas em março com uma tarifa de 25%. Como se não bastasse o impacto daquela medida, no início de junho o governo norte-americano dobrou o porcentual para 50%. Na época, já foi um ‘balde água fria’ nas pretensões da indústria siderúrgica brasileira. Hoje, a exportação de aço brasileira é taxada em duas frentes: aço semiacabado (placas), que tinham cota anual de 3,5 milhões de toneladas até março, e produtos laminados de alto valor agregado, com volume máximo de 687 mil toneladas.
A realidade é essa: o Brasil, apenas na venda de semiacabados, tem uma receita de US$ 2,6 bilhões, enquanto os Estados Unidos, na exportação de carvão metalúrgico, utilizado para fabricar aço, obtém vendas ao Brasil de US$ 1,4 bilhão. A relação bilateral é boa para os dois países. O Aço Brasil acredita que os 50% de tarifa recíproca não serão cumulativos ao mesmo percentual que o aço já sofre desde o início de junho. No entanto, traz um grande inconveniente, que é o risco de parar as negociações entre os dois países. A condução vinha sendo feita com alta eficiência pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). Ocorreram 14 reuniões com representantes norte-americanos e houve uma ida do embaixador brasileiro a Washington para se encontrar com as autoridades de comércio. A preocupação do setor é que o’ azedamento’ nas relações políticas afete a situação dos dois países sob a ótica comercial.
Os Estados Unidos sempre foram superavitários no comércio bilateral com o Brasil. Neste ano, por exemplo, de janeiro a junho, o saldo na balança comercial foi US$ 1,7 bilhão positivo para exportações norte-americanas. Os Estados Unidos, é fato, têm levado vantagem. Os Estados Unidos, e sua indústria que consome aço, só têm a ganhar com as importações de produto semiacabado do Brasil, pois o país não é autossuficiente na produção de placas. Depende de importações de vários países e a siderurgia brasileira é o segundo maior fornecedor dessa matéria-prima para laminadoras norte-americanas independentes. Apesar da tarifa dobrada em junho, os embarques de placas no ano para os Estados Unidos ainda mantiveram ritmo de crescimento na comparação com o primeiro semestre de 2024. O que mostra que importadores norte-americanos, para garantir a matéria-prima, estão dispostos a pagar mais caro.
Nos aços laminados verificou-se queda da ordem de 50% no segundo trimestre. Nesse caso, a competição é direta com as siderúrgicas que atuam nos Estados Unidos. "Tudo caminhava para um acordo. Agora, ficou imprevisível. As autoridades brasileiras devem manter o esforço de negociações nesse cenário, que ficou muito nebuloso, pois divergências políticas tiveram peso extra nas relações de comércio. Isso não é bom para nenhum dos lados. As siderúrgicas do Brasil que exportam para o mercado norte-americano são ArcelorMittal e Ternium Brasil, de produto semiacabado. Em produtos laminados planos, a CSN e a Usiminas. Uma divisão da ArcelorMittal também exporta cerca de 10 mil toneladas por mês de steel-cord, um fio de aço usado na fabricação de pneus. Nos Estados Unidos, não se fabrica esse material. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.