10/Jul/2025
Segundo o Citi, o aumento da produção brasileira de grãos em 2025 contrasta com a lentidão nas exportações no primeiro semestre e deve provocar um estrangulamento logístico nos próximos meses. Há risco de sobreposição considerando os volumes de milho 2ª safra de 2025, já em colheita, e os estoques remanescentes de soja, ainda concentrados nos armazéns. Entre janeiro e junho, as exportações brasileiras de grãos recuaram 1,5% em relação ao mesmo período de 2024. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a queda foi de 10,4%, apesar da safra recorde de soja no início do ano e do avanço da colheita do milho, que já atingiu 40% da área plantada segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). O amplo gap entre produção e exportação pode restringir ainda mais a logística nos próximos meses. Na prática, isso deve gerar um acúmulo de demanda por transporte no segundo semestre, com impacto direto sobre a infraestrutura logística nacional.
Há um alinhamento atípico de volumes para julho, agosto e setembro, com potencial para provocar gargalos nas principais rotas de escoamento e elevação nas tarifas de frete. Embora os preços médios do transporte rodoviário tenham recuado 0,6% nos últimos quatro meses, as margens dos caminhoneiros seguem bastante variáveis conforme a rota. Sorriso (MT)-Miritituba (PA) opera com margem de 31,5%, Sorriso-Rondonópolis (MT) com 28,3%, enquanto Sorriso-Santos (SP) está em 9,3% e Sorriso-Paranaguá (PR) em apenas 5,8%. A dinâmica portuária também começa a se reconfigurar. O Arco Norte ampliou sua participação no escoamento da região central do País em 2,9% nos últimos quatro meses, alcançando 35,6% do total de grãos exportados. O Porto de Santos (SP) perdeu 1,9% e agora responde por 42,8%. Os portos de Paranaguá (PR) e Itaqui (MA) somam 12,7%. Em junho, o total de grãos exportados da região central atingiu 7,37 milhões de toneladas, queda de 11,2% ante igual mês de 2024.
O Arco Norte está gradualmente ganhando participação de mercado sobre as rotas do Sul, conforme a hidrologia continua saudável e acima da média. Os níveis dos rios permanecem historicamente elevados, favorecendo o transporte hidroviário. No Tapajós, em Itaituba (PA), os níveis seguem acima da média mesmo com a redução sazonal típica de junho. O mesmo ocorre no rio Paraguai, em Ladário (MS), e em Assunção, no lado paraguaio. As previsões de chuva para julho e agosto indicam volumes dentro da normalidade, o que deve sustentar a boa navegabilidade. A hidrologia do Sul também apresenta tendência significativamente acima da média. Apesar do ambiente positivo para as hidrovias, a movimentação ferroviária segue aquém do esperado. Do lado dos custos, o diesel fechou junho em R$ 5,97 por litro, com alta acumulada de 1,8% no ano, mas queda de 6,1% nos últimos quatro meses. Os demais custos operacionais subiram 3,7% no mesmo período anual. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.