04/Jul/2025
Segundo o Itaú BBA, os preços dos fertilizantes continuam elevados no mercado brasileiro, com destaque para os fosfatados e nitrogenados, mas a expectativa é de que a demanda perca fôlego nos próximos meses. A forte alta registrada no primeiro semestre deve dar lugar a uma acomodação gradual dos preços, diante da antecipação das compras por parte das misturadoras e da piora nas relações de troca. O fosfatado MAP (monoamônio fosfato) foi o que mais subiu em 2025, com negócios pontuais acima de US$ 750,00 por tonelada nos portos brasileiros, em meio a uma oferta restrita da China, que ficou fora do mercado exportador por vários meses, e à valorização do enxofre, matéria-prima chave produzida majoritariamente no Oriente Médio.
Apesar do cenário de preços elevados, não faltará produto para quem estiver disposto a pagar. Ainda nos fosfatados, chama atenção a crescente destinação de rochas fosfáticas à indústria de baterias, o que eleva a competição com o setor agrícola. A recente retomada das exportações chinesas pode aliviar parte da pressão, mas não há sinal de recuo expressivo nos preços no curto prazo. No caso dos nitrogenados, a principal preocupação vem da geopolítica. A ureia, com cerca de 40% das exportações globais concentradas no Oriente Médio e Norte da África, teve impactos dos conflitos entre Israel e Irã. Durante os momentos de maior tensão, o produto superou US$ 450,00 por tonelada nos portos brasileiros. Esse risco de oferta tem sido mais relevante do que os próprios custos das matérias-primas, como petróleo e gás natural.
Os potássicos tiveram altas mais moderadas, com o cloreto de potássio (KCl) sendo cotado a até US$ 360,00 por tonelada. Obras de manutenção em minas da Rússia e de Belarus reduziram o ritmo de exportações, enquanto grandes players globais sustentaram os preços com menor competição no mercado. No Brasil, as importações somaram 14,4 milhões de toneladas entre janeiro e maio, alta de 14% em relação ao mesmo período de 2024. Essa antecipação deve reduzir o ritmo das compras no segundo semestre. A projeção é de queda de 1,8% nas importações totais do ano, para 40,6 milhões de toneladas. As entregas aos produtores também surpreenderam no início de 2025, com aumento de 9,1% no primeiro trimestre, mas esse desempenho tende a perder tração.
A expectativa é de crescimento de 6% no acumulado do ano, totalizando 48,5 milhões de toneladas, com concentração na preparação da safra de verão (1ª safra 2025/2026). Outro ponto de atenção é o volume elevado de estoques na indústria e no varejo, que continua acima da média histórica desde 2021. Enquanto os estoques permanecerem altos, as margens das revendas deverão continuar pressionadas. Além disso, os preços firmes e o estreitamento das margens das principais culturas dificultam novas compras pelos produtores. Para a safra 2025/2026, o risco logístico é destacado como fator-chave. A maior parte das entregas se concentra no segundo semestre, e pode haver congestionamentos nos portos e gargalos no transporte interno, que podem atrasar o fornecimento no momento ideal de aplicação nas lavouras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.