26/Jun/2025
Segundo o Santander, o avanço dos conflitos no Oriente Médio e a previsão de um novo episódio de La Niña no segundo semestre devem agravar o cenário já pressionado do agronegócio brasileiro. A combinação entre custo elevado de insumos e risco climático estreita as margens dos produtores e aumenta o alerta para empresas expostas ao setor. Os preços da ureia subiram 12% nos últimos dias, impulsionados pela tensão entre Israel e Irã. O banco estima que 15% do fornecimento de gás natural do Egito pode sair de operação com a desaceleração da produção no Gasoduto Árabe, elevando ainda mais os custos de produção.
A escassez de exportações de ureia por parte de China e Rússia adiciona volatilidade ao mercado. O Brasil, que depende da importação da maior parte dos fertilizantes que consome, deve sentir o impacto direto da alta nos custos, especialmente nas lavouras de milho e algodão. Os fertilizantes representam 10% do custo total da atividade agrícola no País, o suficiente para comprometer a viabilidade econômica de parte das operações. As projeções mostram queda acentuada na rentabilidade do produtor rural. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) por hectare em terras próprias deve cair de R$ 10 mil em 2021/2022 para cerca de R$ 3 mil em 2025/2026.
Para áreas 100% arrendadas, a margem estimada é ainda menor: de R$ 8,5 mil para menos de R$ 2 mil no período. Entre as empresas sob cobertura, a SLC Agrícola é apontada como a mais exposta ao aumento dos preços de fertilizantes, que representam 20% do custo da área plantada da companhia. Embora a soja tenha menor dependência de fertilizantes nitrogenados, o milho e o algodão seguem vulneráveis a essa alta. A empresa ainda não contratou 43% do volume necessário de nitrogênio para a safra 2025/2026 e postergou as compras na expectativa de preços mais baixos durante o verão no Hemisfério Norte. Agora, está mais suscetível à volatilidade do mercado à vista.
A 3tentos deve se beneficiar no curto prazo com a valorização dos fertilizantes, aumentando a receita por tonelada comercializada. A expectativa, porém, é de que a compressão das margens do agricultor reduza a aplicação de fosfato e provoque migração para defensivos genéricos, o que tende a afetar o mix de produtos. Para o Banco do Brasil, o rebaixamento para neutro reflete o ambiente mais adverso para o crédito agrícola. Não há catalisadores no curto prazo para uma recuperação das margens, diante da combinação de custos crescentes de fertilizantes e riscos climáticos adicionais. Um possível evento La Niña entre novembro de 2025 e março de 2026 pode comprometer a produção no Rio Grande do Sul, que representa 8% da soja colhida no Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.