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24/Jun/2025

Fertilizantes: conflito entre Israel-Irã eleva preços

Segundo o Rabobank, o agravamento do conflito entre Israel e Irã aumentou a preocupação com o abastecimento global de fertilizantes nitrogenados e já provocou altas nos preços da ureia. O Oriente Médio responde por 16% da produção global de ureia, mas é responsável por 45% das exportações mundiais. A região é muito importante e é preciso acompanhar o que está acontecendo. Entre os principais riscos apontados está um eventual bloqueio do Estreito de Ormuz, por onde passam cerca de 20% das exportações mundiais de petróleo. Caso o fluxo seja interrompido, pode haver um grande problema, e não só no mercado de ureia. Seria um impacto para o mundo inteiro. Além do confronto direto entre Israel e Irã, o suprimento de gás natural de Israel para o Egito também foi suspenso, afetando a produção de nitrogenados naquele país. A primeira reação do mercado foi de alta nos preços da ureia no mercado internacional.

Enquanto houver incerteza sobre os próximos passos no conflito, os preços vão continuar bastante voláteis e a tendência é de alta. Esse movimento ocorreu em um período sazonalmente mais calmo para os preços, o que reforça o grau de preocupação. No Brasil, o reflexo imediato tem sido o aumento de preços e o congelamento de listas por algumas empresas, em razão da volatilidade. O Rabobank não espera uma restrição de oferta muito importante nesse primeiro momento, seria um cenário mais extremo. A situação atual pode ser comparada com os primeiros meses da guerra da Ucrânia, em 2022, quando os custos de frete e seguros dispararam. Agora, os custos de frete e seguro também estão mais altos para a região. O cenário de alta de preços no mercado global de fertilizantes não se limita à ureia. O fósforo, representado principalmente pelo MAP, também registra aumentos significativos, enquanto o potássio avança de forma mais moderada.

O MAP no mercado brasileiro saltou de US$ 630,00 por tonelada em fevereiro para US$ 730,00 por tonelada na última semana, refletindo a escassez de oferta internacional causada, entre outros fatores, pela ausência da China no mercado exportador. O mundo ainda está com uma restrição bastante expressiva na oferta de fósforo. O aumento do MAP elevou a demanda por outras fontes de fósforo, como super simples e super triplo, cujos preços também subiram. Em relação ao potássio os preços no porto brasileiro passaram de US$ 290,00 a US$ 300,00 por tonelada para US$ 360,00 por tonelada. A alta é mais lenta e decorre de uma correção de mercado, após os preços terem ficado baixos no ano passado. Há uma diminuição da oferta, mas nada muito agressivo como no caso do fósforo. Chama atenção o atraso nas importações de ureia pelo Brasil. De janeiro a maio, o volume importado ficou cerca de 15% abaixo do registrado no mesmo período de 2024.

Isso não preocupa tanto, por enquanto, porque o período principal de importação vai de julho a novembro, pensando na 2ª safra de milho de 2026. Porém, se o conflito no Oriente Médio se prolongar, o custo da ureia para as próximas safras pode subir ainda mais. Sobre o desempenho do mercado interno, as entregas de fertilizantes no primeiro trimestre de 2025 foram as maiores da série histórica. Foram 9,4 milhões de toneladas, frente a 9 milhões no mesmo período de 2021, até então o maior volume para o intervalo. O milho 2ª safra de 2025 foi o principal motor dessa demanda. Os números de janeiro e fevereiro foram muito altos, refletindo a maior procura dos produtores por conta da atratividade do preço do milho. Para o acumulado do ano, o Rabobank projeta um total entre 46 e 46,6 milhões de toneladas, o que configuraria um novo recorde anual. No entanto, a elevação dos preços pode levar os produtores a buscarem alternativas de redução de custos nas próximas safras. A situação do produtor está mais apertada, com margens menores, então a tendência é tentar ao máximo economizar nos custos de fertilizantes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.