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20/Jun/2025

Insumos: Lavoro divulga resultado do 2º trimestre

A Lavoro registrou receita consolidada preliminar de R$ 2,25 bilhões no segundo trimestre fiscal de 2025, queda de 27% na comparação anual, e suspendeu oficialmente o guidance que previa faturamento entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões para o ano. O lucro bruto consolidado recuou 28%, para R$ 366,9 milhões, com margem de 16,3%, devido principalmente à escassez de estoques no varejo brasileiro de insumos agrícolas. "A companhia vai ter que trabalhar com um tamanho menor", disse o CEO Ruy Cunha. Os números preliminares não auditados foram divulgados no mesmo dia em que a empresa protocolou pedido de recuperação extrajudicial na Justiça de São Paulo para reestruturar R$ 2,5 bilhões em dívidas com fornecedores.

A retirada do guidance reflete as complexidades do processo de reestruturação, que impactaram os procedimentos de fechamento financeiro da companhia. No Brasil, principal operação da empresa, a receita do varejo de insumos caiu 30%, para R$ 1,84 bilhão, devido às restrições de disponibilidade de produtos. A margem bruta do segmento contraiu 240 pontos-base, para 11,5%, refletindo a decisão estratégica de substituir produtos indisponíveis por equivalentes ou superiores, mesmo com impacto na rentabilidade. "A partir de outubro, começamos a ter negociações com fornecedores ficando mais difíceis, tivemos interrupções de fornecimento", explicou Cunha. A divisão Crop Care, que produz insumos próprios, registrou receita de R$ 251,5 milhões, queda de 30% anual.

A margem bruta caiu devido a mudanças desfavoráveis no mix de produtos e pressão de custos fixos. A operação na América Latina foi o único segmento com crescimento, registrando receita de R$ 287,3 milhões, alta de 4% anual, com margem bruta de 22,6%. Para reforçar a liquidez, a Lavoro anunciou a ampliação do uso de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), instrumento que permite à companhia antecipar recursos com base em recebíveis de vendas a prazo de insumos. Em agosto de 2024, já havia captado R$ 310 milhões via FIDC-Fiagro, modalidade específica para o agronegócio. "A ideia é aumentar o FIDC como forma de dar mais segurança para toda a cadeia envolvida", afirmou Cunha. O CEO explicou que a ampliação dessa ferramenta responde às demandas dos fornecedores, que passaram a exigir garantias mais robustas.

Apesar das dificuldades, ele disse que a situação de caixa melhorou nos últimos meses. "O recebimento de abril e maio da safra foi em linha com o planejado", afirmou. Entre as ações de ajuste já executadas está o fechamento de 70 lojas no Brasil, anunciado em fevereiro, representando cerca de um terço da rede de distribuição. Cunha disse que novos cortes podem ocorrer, mas em menor escala. "Podemos fazer algum corte adicional, apesar que não nesse nível. Ainda temos espaço para ganho de eficiência." Além da renegociação com fornecedores via recuperação extrajudicial, a Lavoro concluiu acordos bilaterais com bancos para alongar aproximadamente R$ 1,2 bilhão em dívidas bancárias. Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), com saldo de R$ 420 milhões, serão pagos conforme o cronograma original.

"O CRA nós pretendemos pagar normalmente, em linha com o contrato original", afirmou. Controlada pelo Pátria Investimentos, uma das maiores gestoras de ativos alternativos da América Latina, a Lavoro contou com participação ativa do controlador nas negociações. Cunha destacou o envolvimento da gestora, mas evitou comentar sobre eventual novo aporte de capital. "O Pátria tem participado muito ativamente do dia a dia da empresa e apoiou muito o processo de reestruturação." A companhia suspendeu temporariamente seu programa de fusões e aquisições, que incluía mais de 70 alvos potenciais. "Nossa prioridade é reestruturar a companhia, garantir a resiliência dela e adequar o tamanho da operação ao novo cenário", disse Cunha.

A deterioração nos resultados foi atribuída à escassez severa de estoques em categorias-chave durante novembro e dezembro de 2024, período crítico para o plantio de soja. A empresa enfrentou interrupções de fornecimento que afetaram materialmente as operações comerciais, agravadas pela recuperação judicial de um grande varejista agrícola concorrente no Brasil. Cunha sinalizou perspectiva de melhoria nas margens. No primeiro trimestre fiscal de 2025, a empresa havia registrado margem bruta de 15,6%, com crescimento de 10% no lucro bruto. "Há um cenário mais favorável para essa melhoria de margem continuar", afirmou. Ele destacou que a normalização do fluxo de fornecimento, garantida pelos acordos da recuperação extrajudicial, deve contribuir para a recuperação gradual. Fonte: Broadcast Agro.