10/Jun/2025
Em meio à preparação do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro em Belém (PA), a Motiva (ex-CCR) intensificou sua estratégia em busca de alinhamento do setor de infraestrutura na agenda ambiental. Atenta ao potencial de ganhos (inclusive financeiros), a companhia tem colocado em prática uma força-tarefa para posicionar a marca como liderança nas discussões sobre adaptações climáticas. Maior operadora privada do setor de infraestrutura em transportes no País, a Motiva está presente em 13 Estados, com 37 ativos (entre rodovias, metrôs, trens e aeroportos). Em dezembro de 2023, estruturou o grupo de trabalho "Taskforce COP30", que tem atuado em três frentes: acelerar metas internas de sustentabilidade, articular iniciativas coletivas e apresentar propostas ao governo federal.
As ações também visam consolidar o setor como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono. A companhia contabiliza já ter investido R$ 300 milhões em ações socioambientais, com meta de destinar outros R$ 450 milhões em dez anos. Os recursos incluem aportes diretos e incentivos fiscais. A agenda está alinhada com as necessidades de ações de uma empresa de capital aberto como a Motiva, que deve ter foco em rentabilidade. A sustentabilidade não é um tema lateral. A gestão de riscos climáticos e a eficiência operacional trazem retorno direto ao acionista. Um dos desdobramentos da força-tarefa para a COP30 foi a criação da "Coalizão para a Descarbonização dos Transportes", formada por mais de 50 entidades de diferentes modais de transporte. O grupo entregou ao Ministério do Meio Ambiente um plano com 90 propostas para redução de emissões setoriais de gases do efeito estufa em até 70% até 2050.
Segundo estimativas da própria coalizão, o conjunto de medidas pode destravar até R$ 600 bilhões em investimentos no período. As sugestões foram elaboradas em conjunto com entidades públicas e privadas e devem compor os subsídios ao Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que será apresentado oficialmente durante a COP30. A Motiva quer liderar a mobilidade urbana de forma sustentável, articulando ações coletivas. A estratégia da empresa envolve uma atuação antes, durante e depois da conferência. Durante a COP30, a empresa quer dar visibilidade ao estudo de emissões do setor. Após o evento, o plano é mobilizar o setor para colocar isso em prática. A Motiva também participa de eventos considerados preparatórios como o TEDxAmazônia e o Brasil Climate Investment Week. Durante o TEDxAmazônia, realizado no fim de semana passado em Belém, a Motiva, por meio do seu Instituto, lançou o programa "Escolas Baseadas na Natureza", voltado à educação ambiental em escolas públicas.
A proposta prevê formação gratuita e online para professores, com adesão inicial em 280 municípios. A ação é feita em parceria com o Instituto Alana e está alinhada à nova Lei da Política Nacional de Educação Ambiental. Além da agenda de impacto social, a empresa tem focado em medidas de adaptação climática para mitigar riscos financeiros. A meta para este ano é definir planos de adaptação para todos os ativos com risco climático significativo, já considerando o orçamento de 2026. Eventos extremos, como alagamentos em rodovias, afetam diretamente a arrecadação e podem comprometer o retorno aos acionistas. No campo energético, a empresa antecipou a meta de utilizar 100% de energia renovável. 60% da energia consumida já é autogerada, o que reduz custos operacionais. A empresa projeta que a economia com energia limpa pode financiar outros projetos de eletrificação da frota.
A atuação na COP30 também é vista como mecanismo de alinhamento regulatório. A articulação com o setor público tem sido constante. Os novos contratos de concessão já trazem cláusulas relacionadas à resiliência climática. A ANTT e o Ministério dos Transportes estão atentos e abertos à construção de políticas que incentivem práticas sustentáveis. O engajamento setorial é essencial para garantir competitividade em um cenário internacional que tende a valorizar empresas com compromissos ambientais robustos. Não é só a Motiva. O setor inteiro precisa se alinhar. A COP é uma oportunidade de mostrar que o setor tem capacidade de responder à crise climática com responsabilidade e viabilidade econômica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.