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06/Jun/2025

Energia renovável: indústria amplia investimentos

A indústria brasileira tem ampliado iniciativas com foco no uso de energias renováveis em seus processos produtivos e a principal estratégia adotada é participar como sócias em uma usina de energia no modelo de autoprodução. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada no fim de 2024 e divulgada nesta quinta-feira (05/06), aponta que 48% das empresas investem em ações ou projetos de uso de energia hídrica, eólica, solar, biomassa ou hidrogênio de baixo carbono. O número é 14% acima dos 34% que indicaram adotar iniciativas voltadas à geração de energia limpa em 2023 e 9% superior aos 39% registrados em 2022. O aumento do interesse das indústrias em investir em fontes de energia renováveis reflete o compromisso crescente da indústria brasileira com a sustentabilidade. O avanço reforça a conscientização do setor sobre seu papel no enfrentamento das mudanças climáticas.

Investimentos em energias renováveis também são uma alternativa de redução e controle de custos por parte das indústrias. Ao se tornar autoprodutor, o consumidor fica isento de alguns encargos setoriais, garantindo um custo de megawatt-hora (MWh) menor do que um contrato de compra e venda padrão junto a uma grande geradora ou uma distribuidora de energia. Entre as indústrias que afirmaram investir em ações para o uso de fontes renováveis de energia, a autoprodução foi a principal estratégia (42%), seguida de "contratação de energia no mercado livre na modalidade incentivada" (32%), que, no momento, garante benefícios financeiros ao comprador; e geração distribuída (21%). O levantamento indica que o principal motivo que leva as indústrias a tomarem decisão de aumentar o uso de fontes renováveis é a redução de custos, apontada por 50% dos entrevistados. Incentivos fiscais aparece na sequência, com 15%.

Na terceira colocação vem a "redução de emissão de poluentes", com 11%. No recorte por tamanho da empresa, 44% das indústrias de pequeno porte disseram investir em autoprodução, enquanto 28% adotam contratos de energia incentivada no mercado livre e 23% têm sistemas de geração distribuída. Entre as indústrias de médio e grande porte, a estratégia de autoprodução foi sinalizada por 36%, enquanto 51% contratam energia incentivada e 9% possuem geração distribuída. Por região geográfica, as indústrias do Nordeste lideram a adoção de fontes renováveis, com 60% das empresas da região com iniciativas de projetos de energia limpa. Norte/Centro-Oeste aparecem com 56%, enquanto a Região Sul tem 53%. A Região Sudeste, que concentra a maior parcela de carga do País, registra 39% das indústrias com projetos voltados ao uso de energia eólica, solar, biomassa ou hidrogênio de baixo carbono no processo produtivo.

A Região Nordeste possui grande potencial eólico e solar e tem liderado a expansão da capacidade instalada de geração renovável no País. No entanto, curiosamente, não é por lá que mais se adota a autoprodução. A pesquisa aponta que 42% das indústrias da região têm essa estratégia, percentual abaixo daquele indicado nas Região Centro-Oeste e no Sul, com 46% em ambos os casos. Na Região Sudeste, apenas 38% das indústrias citam a autoprodução. Questionadas se as empresas possuem projeto ou ação voltado para o uso de fontes renováveis de energia nos próximos dois anos, 48% indicaram que sim, dos quais 93% apontaram investimentos em energia solar. O número é menor que o citado nas pesquisas anteriores, quando mais de 50% indicavam ter ações para os anos sucessivos, sendo 91% em solar.

Vale destacar que a pesquisa foi realizada entre 24 de outubro e 25 de novembro de 2024, quando não havia tanta clareza sobre as medidas que seriam tomadas pelo governo e que poderiam afetar os benefícios hoje existentes para autoprodutores ou grandes consumidores que adquirem energia incentivada. No mês passado, o governo federal publicou uma Medida Provisória ancorada em três pilares: ampliação da gratuidade da tarifa social para famílias de baixa renda, abertura do mercado livre de energia para consumidores atendidos em baixa tensão, como os residenciais, e reequilíbrio dos encargos setoriais. Neste terceiro item, estabeleceu travas para acesso a autoprodução e determinou um período de transição para encerrar os descontos nas tarifas de fio para consumidores que compram energia incentivada. Ao todo, a pesquisa entrevistou 1 mil executivos de indústrias de pequeno, médio e grande porte de todos os Estados brasileiros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.