19/Dec/2025
A área de frutas avançou de forma moderada em 2025. O setor demonstrou maior seletividade nos investimentos, influenciado por incertezas climáticas e, sobretudo, comerciais, intensificadas pelo tarifaço norte-americano. A pressão sobre as margens e o elevado custo do capital levaram produtores a priorizar incrementos tecnológicos e a renovação de pomares, em detrimento da expansão extensiva de área. No caso das hortaliças, a área em 2025 apresentou retração após o avanço observado em 2024, devido à cautela dos produtores diante do aumento dos custos e das margens fortemente pressionadas ao longo do ano. Apesar disso, a combinação de clima favorável e maior tecnificação resultou em alta produtividade, elevando a oferta. Esse excesso de produto derrubou os preços de forma significativa, comprometendo a rentabilidade e travando novos investimentos.
As exportações brasileiras de frutas em 2025 apresentaram um desempenho marcado por resiliência, sobretudo diante das barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. Manga, melão, melancia, mamão e banana sustentaram volumes consistentes, ampliando a presença brasileira na Europa e, em alguns casos, mantendo ou expandindo o acesso ao mercado norte-americano. O avanço, porém, ocorreu em um ambiente de margens mais estreitas, influenciadas pelos custos logísticos e pela pressão tarifária. A uva foi a fruta mais afetada, com retração dos embarques aos Estados Unidos e redirecionamento para mercados alternativos, como Mercosul, muitas vezes a preços menores. Ainda assim, o setor deve encerrar 2025 com estabilidade ou leve crescimento, mantendo o protagonismo das exportações para o agronegócio hortifrutícola. Neste ano, predominou a neutralidade climática (sem influência dos fenômenos “ENOS”), mas com efeitos regionais bastante distintos.
O Rio Grande do Sul registrou chuvas acima da média, favorecendo algumas culturas, mas também elevando o risco de perdas por excesso hídrico. Em contraste, áreas da Região Nordeste, especialmente Bahia e Semiárido, enfrentaram seca mais severa, comprometendo o desempenho produtivo em diversas cadeias. No Centro-Sul, o retorno das precipitações na primavera ajudou a recompor a umidade do solo e normalizar o desenvolvimento das lavouras. A economia brasileira em 2025 teve crescimento moderado, em um ambiente de juros altos, consumo contido e endividamento elevado das famílias, fatores que restringiram o ritmo de retomada. As altas taxas de juros limitaram o acesso ao crédito e reduziram a capacidade de investimento não só das empresas, mas também das propriedades rurais, especialmente entre pequenos e médios produtores. Em síntese, 2025 foi um ano de economia “com freios puxados”, mantendo o campo em alerta e reforçando a busca por eficiência, controle de custos e estratégias mais conservadoras de produção. Os direcionadores de 2026 serão:
- Oferta ajustada e preços firmes: área enxuta deve melhorar o equilíbrio entre oferta e demanda.
- Exportações em ambiente mais favorável: sobretaxas zeradas para manga e suco/derivados abrem espaço para recuperação.
- Produtor mais estratégico e tecnificado: foco em eficiência e redução de riscos.
- Varejo mais estável e consumo firme: produtos de maior valor agregado ganham espaço.
- Clima variável exige gestão contínua de risco: modelos divergentes pedem atenção e planejamento climático.
Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.