ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Oct/2025

Mandioca: mudanças e tendências na cadeia produtiva

As cadeias produtivas passam naturalmente por mudanças nas dinâmicas de produção e organização, as quais são resultados dos aspectos econômicos, tecnológicos, institucionais e sociais. A cadeia produtiva da mandioca e os segmentos de produção de fécula, amidos modificados e de farinha seguem essa mesma tendência, impondo desafios e novos paradigmas a serem superados por todos os atores. Segundo dados mais recentes da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em 2022, 16% do amido produzido no mundo foi proveniente da mandioca, com crescimento médio anual de 7,4% entre 2010 e 2022.

Quando se considera o mercado internacional, o principal amido comercializado é o de mandioca, movimento que resulta da maior demanda chinesa. A ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que a população mundial deve continuar apresentando crescimento, o que resultará em maior demanda por alimentos, sobretudo processados. Nesse grupo, deve haver considerável evolução na demanda por alimentos funcionais, que pode ser uma oportunidade para o segmento de amidos, sobretudo o da mandioca. Nos principais produtores de mandioca e amidos da Ásia (Tailândia, Vietnã, Indonésia e Camboja), a raiz tem sido destinada também para a energia (etanol).

Para o Brasil, a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, de 2018, já mostrava mudanças nos hábitos de consumo dos derivados de mandioca, com recuos para a farinha, mas incrementos para a fécula e alguns dos seus sucedâneos, direcionando para uma demanda crescente pelos produtos de conveniência, alinhado ao que vem ocorrendo no cenário global. Vale destacar que o setor de alimentos é o principal demandante. Em atenção às mudanças do mercado, parte da indústria de fécula tem diversificado a gama de produtos. Em 2024, o Cepea já mapeou que quase 40% das fecularias em atividade têm outros produtos além da fécula, o que já pode ser considerado um avanço em direção a processos de inovação.

Dentro da porteira, o cenário também tem se alterado nas últimas décadas. A produção de mandioca no Brasil tem passado por algumas mudanças que alteraram a relevância das regiões produtoras. Segundo dados do IBGE, entre 2002 e 2025 (estimativa), a produção brasileira deve apresentar queda anual de 1,6%, puxada sobretudo pelo Nordeste. Em contraponto a este cenário, tem crescido a quantidade produzida, principalmente via produtividade, nos Estados que industrializam a mandioca para a produção de amidos e produtos mais elaborados, casos de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, que, no mesmo comparativo, devem ter acréscimo de 1,4% ao ano no volume acumulado de produção, que, por sua vez, deve representar 36,5% do total nacional.

Este cenário deixa evidente que a tríade entre pesquisa, extensão e busca por novos mercados tem efeitos positivos. Fica claro que ainda há muito o que se avançar em termos de crescimento de produção, sobretudo via produtividade, seja por meio de variedades mais resistentes, adaptadas, junto à melhoria de processos dentro da porteira. Diante destes aspectos, a inovação deve ser um fator chave para impulsionar as produções no campo e na indústria. Reduzir os custos de produção e minimizar as flutuações de preços no Brasil são cruciais para melhorar a competitividade, principalmente quando se tem um modelo de agricultura com diversificação, no qual a mandioca muitas vezes compete por área com outras atividades. Fonte: Fábio Isaias Felipe. Cepea.