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08/Oct/2025

Cacau: preços são pressionados por queda externa

A forte desvalorização do cacau no mercado internacional nos últimos dias já começa a refletir de forma contundente no cenário brasileiro. A retração nas bolsas de Nova York e Londres provocou ajustes imediatos nas cotações internas, com redução significativa nos preços pagos aos produtores nas principais regiões produtoras da Bahia e do Pará. O movimento tem sido acompanhado por um comportamento mais cauteloso das indústrias processadoras, que seguem reduzindo o ritmo de compras de matéria-prima e revendo estoques. A queda da demanda por derivados industriais de cacau, como liquor, manteiga e pó, tornou-se um dos principais fatores de pressão sobre o mercado interno.

Com os preços internacionais em correção e o consumo global de derivados em desaceleração, as indústrias chocolateiras brasileiras intensificaram a substituição de insumos e reformulação de produtos, buscando reduzir custos e preservar margens. Essa mudança inclui desde o uso de menor teor de cacau em algumas formulações até o aumento da participação de gorduras vegetais e sucedâneos, fenômeno que se repete em outros polos consumidores do mundo. Essa tendência, somada ao enfraquecimento das exportações de derivados e à maior disponibilidade de produto local, tem levado a um rebaixamento gradativo dos preços nas regiões produtoras.

Na Bahia, os compradores industriais relatam maior seletividade nas aquisições, priorizando lotes certificados ou de alta qualidade, enquanto reduzem o volume de compras gerais. No Pará, a entressafra naturalmente reduz a oferta, mas a ausência de demanda firme mantém o mercado estagnado, com produtores evitando novas negociações diante da baixa rentabilidade. O impacto direto é o aumento do desânimo entre agricultores, especialmente os que haviam retomado investimentos após o período de preços elevados. Revendas agrícolas relatam queda nas vendas de fertilizantes, defensivos e insumos nas últimas semanas, sinalizando que parte dos produtores tende novamente a adiar tratos culturais e podas de renovação, o que pode comprometer o potencial produtivo das próximas safras.

Em síntese, a queda internacional do cacau tem desencadeado um ‘efeito dominó’ no Brasil: retração da demanda industrial, substituição de produtos com menor teor de cacau e redução dos preços pagos aos produtores. O setor volta a enfrentar um ciclo de desestímulo, em um momento em que buscava consolidar avanços em produtividade e qualidade. Caso o mercado global não apresente sinais de recuperação nas próximas semanas, o País poderá encerrar o ano com uma das mais fortes compressões de margem do produtor da última década. Fonte: Mercado do Cacau. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.