15/Aug/2025
Desde 6 de agosto, entrou em vigor a tarifa total de 50% (resultado da soma da já antiga taxa de 10% à sobretaxa de 40% anunciada em julho) imposta pelos Estados Unidos às exportações de frutas frescas brasileiras àquele país, o que representa um dos maiores desafios recentes ao setor nacional. Apesar da forte pressão sobre a competitividade, a manutenção parcial dos embarques das principais frutas e derivados para o mercado norte-americano afasta, no curto prazo, um cenário de colapso na cadeia produtiva. São três os produtos-chave da pauta exportadora: suco de laranja, manga e uva.
Apenas o suco de laranja (mas não seus subprodutos) foi isento da sobretaxa de 40%, permanecendo sujeito à tarifa de 10% acrescida da taxa fixa de US$ 415,00 por tonelada. Manga e uva seguem com tributação total de 50%, encarecendo o produto no destino e comprimindo diretamente as margens de exportadores e produtores brasileiros. As principais exportadoras de manga e uva revelam que parte dos embarques será mantida no segundo semestre para honrar contratos estratégicos e minimizar perdas comerciais imediatas.
Como o anúncio da sobretaxa ocorreu após a definição logística e o fechamento de acordos, há pouca margem para redirecionar vendas nesta safra. Ainda assim, permanece incerta a dimensão do excedente que deixará de ser exportado e o impacto sobre a capacidade de reinvestimento nas próximas safras, especialmente no Vale do São Francisco. No caso do suco de laranja, a isenção da sobretaxa resultou de articulação institucional e da comprovação da interdependência Brasil-Estados Unidos: a indústria norte-americana depende majoritariamente do produto brasileiro, enquanto empresas nacionais mantêm investimentos bilionários em fábricas e terminais nos Estados Unidos.
A CitrusBR destacou que esses fatores foram determinantes para a exclusão do produto da medida tarifária. A Abrafrutas declarou que o momento exige uma dupla estratégia: negociar com importadores para diluir o impacto tarifário e preservar contratos; e acionar o governo brasileiro para adotar medidas emergenciais, como prorrogação de custeios, crédito a juros reduzidos, antecipação de créditos à exportação e restituição acelerada de ICMS. Sem esse suporte, há risco de queda acentuada de preços, erosão de margens e perda de capacidade de investimento futuro, afetando cadeias como açaí, gengibre, manga e uva. Três frentes prioritárias de ação:
- Mobilização internacional: negociar ajustes com importadores e pleitear isenção tarifária para frutas não cultivadas nos EUA ou em janelas específicas do mercado norte-americano.
- Ações governamentais: criar linhas emergenciais de crédito, prorrogar financiamentos e acelerar a restituição de tributos.
- Gestão estratégica: escalonar colheitas, reduzir custos logísticos e diversificar mercados, com foco em Europa, América do Sul e Ásia.
A manutenção parcial dos embarques aos Estados Unidos, aliada a medidas emergenciais e à diversificação de mercados, será determinante para preservar não apenas a competitividade, mas também a rentabilidade e a capacidade de investimento da fruticultura brasileira, especialmente das cadeias mais vulneráveis, que geram emprego, renda e valor agregado no campo e na indústria. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.