05/Aug/2025
A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) calcula que o setor pode perder pelo menos US$ 36 milhões (cerca de R$ 180 milhões) em 2025 se a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre derivados de cacau for mantida. A taxa, definida por ordem executiva do governo norte-americano na semana passada, passará a vigorar nesta quarta-feira (06/08) e preocupa a entidade, que vê risco ao funcionamento da indústria nacional. O mercado norte-americano é o segundo principal destino dos derivados brasileiros de cacau e responde por 18% das exportações do segmento. Em 2024, os embarques para os Estados Unidos somaram US$ 72,7 milhões (R$ 363 milhões). No primeiro semestre de 2025, já alcançaram US$ 64,8 milhões (R$ 325 milhões), mais de 25% do total exportado no período.
A sobretaxa adicional de 40%, somada aos 10% anunciados em abril, ameaça a estrutura produtiva nacional. Isso porque a estrutura produtiva do setor depende da moagem das amêndoas, cujo subproduto principal é a manteiga de cacau, derivado fortemente demandado pelo mercado norte-americano, que concentra praticamente 100% das exportações brasileiras desse item. Sem o escoamento para o mercado norte-americano, as empresas ficarão impossibilitadas de manter a produção em pleno funcionamento. Isso poderá ampliar significativamente a ociosidade industrial e comprometer empregos e investimentos nas regiões produtoras, especialmente na Bahia, no Pará e em São Paulo. A cacauicultura brasileira é responsável por cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos.
Estimativas da AIPC apontam que a ociosidade média da indústria processadora pode saltar para 23,83%, podendo atingir até 37%, se considerados os dados consolidados de 2024. Esse cenário agrava a crise já enfrentada por um setor pressionado por quebras de safra e alta nos preços das amêndoas no mercado interno. A AIPC acredita no diálogo como caminho para a superação desse impasse e reforça seu compromisso com o trabalho técnico e propositivo junto aos governos do Brasil e dos Estados Unidos, em busca de soluções que preservem a previsibilidade, a sustentabilidade da cadeia produtiva e a geração de valor no agronegócio nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.