31/Jul/2025
Como havia a possibilidade de as vendas brasileiras aos Estados Unidos ficarem inviáveis por causa da tarifa, clientes tradicionais europeus tentaram renegociar contratos com as indústrias exportadoras do Brasil e reduzir os preços do suco de laranja. Uma fonte do segmento industrial afirmou que alguns clientes estão oferecendo US$ 1 mil por tonelada de suco de laranja. O preço é muito inferior à cotação média praticada no primeiro semestre deste ano, de US$ 2,6 mil por tonelada. Atualmente, no mercado futuro na Bolsa de Nova York, o suco de laranja é negociado na casa de US$ 3,00 por libra-peso, o equivalente a US$ 3,3 mil por tonelada. Mas, essa é uma referência dos contratos futuros, não necessariamente o preço fixado com clientes europeus.
De qualquer forma, segundo as indústrias, preços abaixo de US$ 2 mil não cobrem os custos de produção e da matéria-prima. O mercado norte-americano representa 42% das exportações brasileiras de suco de laranja concentrado e fresco, segundo a CitrusBr, entidade que representa as gigantes Louis Dreyfus, Cutrale e Citrosuco. Se a sobretaxa entrasse em vigor, o impacto poderia chegar a US$ 792 milhões (R$ 4,3 bilhões) para as indústrias brasileiras. O valor estimado significaria uma alta de 456% em relação aos impostos já existentes pagos na safra 2024/2025, que somaram US$ 142,4 milhões. O cálculo considera o desempenho da safra de laranja encerrada em 30 de junho e inclui as tarifas de acesso ao mercado norte-americano.
Em termos globais, segundo a CitrusBr, com todas as tarifas cobradas pelos diferentes mercados, o total de tributos poderia saltar de US$ 393,6 milhões para US$ 1,3 bilhão, somando os principais destinos de exportação (Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Japão e China), além de Reino Unido, Noruega, Suíça e Rússia. O suco brasileiro já paga uma taxa fixa de US$ 415,00 por tonelada para entrar nos Estados Unidos. Com base nos volumes da última safra, esse custo foi de US$ 142,4 milhões. A estimativa de impacto de US$ 792 milhões considerava a soma da sobretaxa de 50% à alíquota adicional de 10%, anunciada em abril. O impacto seria significativo, com aumento estimado de US$ 635 milhões por safra, o que corresponderia a um aumento de 345,8% em comparação com o cenário atual.
Segundo a CitrusBR, não há, no curto prazo, mercados com capacidade para absorver o volume que o Brasil eventualmente deixaria de exportar aos Estados Unidos. Segundo dados da Nielsen, para cada aumento de 1% no preço do suco no varejo dos Estados Unidos, o volume de consumo cai 1,68% no caso do suco fresco (NFC) e 1,74% no do reconstituído (FCOJ). O remanejamento da oferta de suco para outros mercados também enfrentaria dificuldades, já que há gargalos físicos. Não há tambor suficiente no mundo para armazenar esse volume extra. E a China, por exemplo, não tem estrutura para receber, processar e distribuir esse suco no curto prazo. O mercado interno também é incapaz de absorver o excedente de suco. O Brasil consome, por ano, o equivalente a 300 milhões de litros da bebida. Nos Estados Unidos, o volume chega a 3 bilhões de litros anuais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.