25/Jul/2025
Segundo a associação dos exportadores CitrusBR, quase 60% do suco de laranja presente em todas as garrafinhas consumidas nos Estados Unidos sai do Brasil. Na safra 2024/2025, o País enviou 306 mil toneladas do insumo aos Estados Unidos, que equivalem a nada menos do que 70% das importações do produto feitas por aquele país. Na sequência, o México responde por 22%, a Costa Rica por 3% e outros países por 1%. Mesmo com todo esse poder, os exportadores brasileiros, e seus clientes, têm se mantido discretos. Negociações estão em curso em diferentes frentes, mas a ideia é evitar posicionamentos públicos que soem como atos de hostilidade ao governo Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos ameaçou impor tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros vendidos no país. A tarifa pode entrar em vigor a partir de 1º de agosto.
O produto brasileiro é muito importante para as empresas norte-americanas. Elas têm grande interesse em que o problema seja resolvido e cada uma delas está procurando sua forma de levar a demanda a quem de direito, sem que pareça uma afronta ao governo. A CitruBR reúne as principais empresas produtoras e exportadoras brasileiros de sucos cítricos: Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company. As exportações brasileiras envolvem uma estrutura gigantesca e insubstituível para ambos os lados. O negócio entre os dois países começou a ser construído há mais de 60 anos e envolve desde infraestrutura em portos e navios no Brasil e nos Estados Unidos, até a distribuição, a formação de marcas e a presença no varejo. Mais do que isso, há o hábito de consumo, a renda per capita e o poder aquisitivo que não existe em nenhum outro lugar do mundo.
Cerca de 60% do mercado norte-americano é dividido entre duas grandes empresas, Coca-Cola e Pepsi, que vendem ao consumidor marcas como Minute Maid, Tropicana e Simple Orange. Não há marcas brasileiras naquele país. Portanto, são essas interessadas que têm levado as negociações em relação ao tarifaço adiante. Apesar de os tributos extraordinários serem recolhidos pelas subsidiárias das empresas brasileiras nos Estados Unidos, antes de serem repassados às marcas, será impossível absorver um aumento dessa monta. Hoje, o suco de laranja brasileiro paga US$ 415,00 por tonelada exportada. Caso a tarifa de 50% entre em vigor, e seja cobrada sobre o preço total do produto, o valor passará a US$ 2,6 mil, o equivalente a 72% da cotação da tonelada do suco de laranja cotado na Bolsa de Nova York em 9 de julho.
Um dos problemas é que não existe a ordem executiva publicada, mas apenas uma promessa de que a partir de 1º de agosto serão cobradas 50% de taxas extras sobre as exportações, mas não se sabe como será feita essa cobrança, se na chegada, no embarque, na produção. As empresas estão trabalhando em cima de muitas variáveis incertas. Mesmo assim, as negociações estão acontecendo de empresa a empresa. Todos têm o mesmo interesse, mas as companhias norte-americanas têm mais condições de levar adiante essa prerrogativa. Sem serem bandeiras setoriais, no entanto, não há detalhes do tipo de negociação, dos fóruns em que estão sendo levados ou dos interlocutores envolvidos. É algo que está sendo discutido nos bastidores. Há, porém, exceções. As importadoras de suco de laranja Johanna Foods e Johanna Beverage Company entraram com um pedido de alívio emergencial junto ao Tribunal de Comércio Internacional (CIT) dos Estados Unidos contra a tarifa de 50% ao Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.