22/Jul/2025
A Johanna Foods, distribuidora de suco de laranja dos Estados Unidos, está processando a decisão do presidente Donald Trump de taxar em 50% as importações do Brasil. Segundo a companhia, as razões de Trump, incluindo o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, não representam "ameaças incomuns e extraordinárias" que lhe dariam autoridade de emergência para contornar o poder tributário do Congresso norte-americano. A empresa estima, ainda, que as tarifas do Brasil aumentariam seus custos para suco de laranja não concentrado do Brasil em US$ 68 milhões nos próximos 12 meses e elevariam os custos de varejo para os consumidores entre 20% e 25%. Segundo a queixa, o Brasil fornece mais da metade de todo o suco de laranja vendido nos Estados Unidos. O caso, apresentado na sexta-feira (18/07) no Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos, soma-se à pilha de desafios legais sobre as políticas tarifárias de Trump.
Um tribunal federal de apelações permitiu, por enquanto, que o governo aplicasse tarifas globais que Trump ordenou usando poderes de emergência econômica, e está programado para ouvir os argumentos ainda este mês. A decisão do presidente dos Estados Unidos de taxar o Brasil em 50% foi parar na Justiça norte-americana, duas semanas antes de entrar em vigor, em 1º de agosto. A ação foi aberta em nome da Johanna Foods, com sede em Nova Jersey, e da Johanna Beverage Company, baseada em Washington, no Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos. Juntas, as companhias respondem por quase 75% de todo o suco de laranja vendido nos Estados Unidos, atendendo às principais redes varejistas e de atacado como Walmart, Sam's Club, Aldi, Wegman's, Safeway e Albertsons.
A imposição pelo presidente Trump de uma tarifa de 50% (ou mais) sobre o suco de laranja brasileiro causará um dano financeiro significativo e direto às companhias requerentes e aos consumidores norte-americanos, alertam as empresas na ação. As empresas afirmam, ainda, que os custos adicionais que as tarifas ao Brasil representam aos seus negócios impõem um 'fardo financeiro imediato e insustentável' que não pode ser absorvido pelas atuais margens. Os US$ 68 milhões em custos previstos pela nova taxação de Trump ultrapassariam qualquer lucro anual em 30 anos de operação. Como consequência, a taxação aos produtos brasileiros pode aumentar de forma 'significativa' e talvez 'proibitiva' o preço do suco de laranja nos Estados Unidos, que é um alimento básico no café da manhã dos norte-americanos Os maiores custos por conta da tarifa ao Brasil vão forçar o aumento dos preços para os clientes, o que, por sua vez, resultará em uma elevação para os consumidores.
Além disso, a Johanna Foods e a Johanna Beverage Company antecipam que serão obrigadas a demitir funcionários em diferentes áreas, como produção e administrativa. Atualmente, o grupo emprega quase 700 funcionários nas economias de Nova Jersey e Washington. Se as tarifas ao Brasil não forem aliviadas, os negócios do grupo estão em risco. "É uma ameaça existencial à sustentabilidade de nossos negócios", afirmam as empresas na queixa à Justiça dos Estados Unidos. Na ação contra o ato de Trump de taxar os produtos brasileiros, as empresas enfatizam a importância do Brasil, que fornece mais da metade de todo o suco de laranja que é vendido nos Estados Unidos. Quando considerado o produto concentrado, o peso é ainda maior, chegando a 80%, e o País é o único fornecedor. O Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja e é o segundo maior fornecedor de suco de laranja para os Estados Unidos, reforçam à Justiça dos Estados Unidos.
Por outro lado, a produção da laranja nos Estados Unidos enfrenta problemas como a baixa qualidade do produto cultivado na Flórida, bem como a queda na produção norte-americana. A estimativa para este ano é que seja 33% menor na comparação com o volume registrado no ano passado, dizem as empresas, mencionando projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Entre os motivos, estão eventos climáticos e o greening, doença mais temida pelos produtores de laranja mundo afora. Enquanto o Brasil tratou de erradicá-la, eliminando as árvores contaminadas e apostando em novas áreas, a Flórida optou pelo controle do psilídeo, inseto que transmite o greening. Como consequência, a doença se espalhou, o que impacta no sabor do suco e no tamanho da produção, bem como no preço do produto final nos Estados Unidos, que tende a aumentar ainda mais com a taxação ao Brasil. Fonte: Bloomberg e Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.