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11/Jul/2025

Suco de Laranja: tarifa dos EUA impede exportação

Segundo Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que representa as principais indústrias brasileiras de suco de laranja, a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos acendeu um alerta no setor exportador de suco de laranja. A nova alíquota representa um aumento de 533% sobre os US$ 415,00 por tonelada já cobrados sobre o produto e pode consumir até 72% do valor total do suco concentrado, com base na cotação de US$ 3.600,00 por tonelada registrada na Bolsa de Nova York na quarta-feira (09/07). Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto. Mantidas essas condições, as exportações para os Estados Unidos, que responderam por 41,7% dos embarques na safra 2024/2025, se tornam inviáveis. O mercado norte-americano gerou US$ 1,31 bilhão em receitas na safra encerrada em 30 de junho, segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex).

A medida também afeta companhias norte-americanas que dependem do Brasil como principal fornecedor do produto. As consequências são graves: colheitas são interrompidas, o fluxo das fábricas é desorganizado, e o comércio é paralisado diante da incerteza. Apesar de a Europa seguir como o principal destino das exportações brasileiras, com 52% de participação na safra 2024/2025, a CitrusBR avalia que o continente europeu dificilmente conseguirá absorver os excedentes do mercado norte-americano sem que haja grave deterioração de valor para todo o setor. No ciclo recém-encerrado, os embarques para a Europa caíram 24%, mas o faturamento aumentou 22,9%, para US$ 1,72 bilhão. Em mercados como Japão e China, houve retração significativa tanto em volume quanto em receita. Os embarques ao Japão recuaram 30%, para 19,3 mil toneladas, enquanto as exportações para a China despencaram 63,2%, totalizando 30,1 mil toneladas.

Esses dois mercados, somados, são insuficientes para absorver os excedentes que ficariam sem destino caso o mercado norte-americano seja comprometido. Diante do cenário, a entidade reforçou, em comunicação com o governo brasileiro, a necessidade de atuação diplomática urgente. A CitrusBR entende a sensibilidade política e diplomática dessa medida, mas acredita que a escalada entre governos não é o caminho. A associação defende que o Brasil mobilize todos os recursos do Estado na proteção dos interesses dos seus cidadãos, do emprego e da renda. O Brasil é o maior exportador global de suco de laranja e o principal fornecedor da bebida para os Estados Unidos. Em 2024, faturou US$ 1,193 bilhão com embarques de sucos em geral para os Estados Unidos, sendo o principal o suco de laranja, conforme dados do Ministério da Agricultura do Brasil. Em volume, foram 1,326 milhão de toneladas.

Na balança comercial brasileira com os Estados Unidos, o segmento de sucos figura em quarto lugar no ranking de produtos agropecuários brasileiros exportados para o país da América do Norte, atrás apenas de produtos florestais (US$ 3,72 bilhões em 2024 e 4,87 milhões de toneladas exportados em 2024); café (US$ 2,07 bilhões e 472,5 mil toneladas) e carnes (US$ 1,411 bilhão e 248 mil toneladas). Exportadores de suco de laranja encaminharam ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontando os impactos da nova tarifa norte-americana sobre o setor de suco de laranja brasileiro. A recente imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo governo dos Estados Unidos, coloca em risco a continuidade do setor de suco de laranja brasileiro. O documento foi encaminhado ao governo pela CitrusBR. O ofício foi enviado também para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

A CitrusBR afirma no ofício a Lula que as consequências para o setor nacional serão graves. Trata-se de uma cadeia produtiva altamente interligada, que sustenta milhares de famílias. No ofício a Lula, os exportadores afirmam ainda que é pouco provável que os demais mercados relevantes para o suco brasileiro, como Europa, Japão e China, absorvam os volumes destinados ao mercado norte-americano sem criar desequilíbrios severos. São insuficientes para absorver os excedentes que ficariam sem destino caso o mercado norte-americano seja comprometido. As consequências sobre a produção nacional, os empregos e a competitividade do setor seriam imediatos. Por fim, os exportadores reforçaram junto ao governo a necessidade de o Brasil exercer plenamente sua tradição diplomática, mobilizando todos os recursos do Estado brasileiro para lidar na proteção dos interesses dos seus cidadãos, do emprego e da renda. O setor processador e exportador de suco de laranja movimenta aproximadamente US$ 3 bilhões por ano em receitas de exportações, e gera cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.