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26/Jun/2025

Cogumelo: estudo aponta fungo que afeta Shimeji

Uma pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificou uma doença causada por um fungo do gênero Penicillium, que afeta diretamente o cultivo comercial do cogumelo Shimeji. Este é o primeiro registro científico formal desse patógeno em cogumelos no País, um avanço relevante para a fungicultura brasileira, que ainda enfrenta falta de respaldo técnico e normativo. O trabalho foi conduzido pelo engenheiro agrônomo Ricardo Scheffer de Andrade Silva durante seu doutorado. A motivação veio da prática: Ricardo foi produtor de cogumelos por anos, em Curitiba (PR), e criou uma sociedade com colegas de faculdade. A produção sofria com contaminações recorrentes. Mesmo entre os produtores mais experientes, ninguém sabia ao certo como controlar ou identificar o problema. O fungo, disseminado por esporos, apresenta sintomas como o abortamento dos primórdios (estágios iniciais do cogumelo), mudança de coloração e atrofiamento.

Além de contaminar o cogumelo, também pode atingir o substrato, agravando o problema. Segundo a pesquisa, o abortamento representa o estágio final da contaminação. O primeiro sintoma é o surgimento de uma massa cinzenta pulverulenta, que se dispersa com facilidade. Em seguida, ocorre o atrofiamento do primórdio, que apresenta aspecto enrugado e alteração na coloração, passando de um tom cinza-esbranquiçado para amarelado. A pesquisa começou com o isolamento dos fungos presentes em substratos contaminados, em condições semelhantes às das estufas comerciais. Em laboratório, foram identificados os gêneros de maior frequência e, a partir disso, iniciaram os testes com produtos de uso popular que pudessem atuar como alternativas aos fungicidas, proibidos no cultivo de cogumelos, já que estes também são fungos. Foram testadas substâncias como água sanitária, vinagre e calda bordalesa. A água sanitária diluída a 4% apresentou o melhor desempenho, inibindo parcialmente a germinação dos esporos do patógeno.

No entanto, nenhuma das substâncias avaliadas conseguiu eliminar completamente a doença. Faltam produtos registrados e seguros para uso no Brasil. O controle hoje é puramente empírico e preventivo. A contaminação pode comprometer rapidamente toda a produção. O manejo baseado em limpeza e higienização rigorosa é a principal ferramenta para evitar a contaminação. É essencial adotar práticas rígidas de biossegurança. Entre as medidas recomendadas estão a higienização adequada das mãos e utensílios, a eliminação de resíduos de cogumelos infectados e a restrição de circulação entre ambientes de cultivo contaminados. A experiência do produtor Marcos Felipe Pscheidt, que há seis anos cultiva quatro tipos de cogumelos (Paris, Portobello, Shiitake e Shimeji), confirma o impacto da carência de pesquisa e de produtos de controle de doenças na rotina produtiva. Quando aparece, a doença atinge direto a produtividade. O Shimeji afetado para de crescer, desenvolve manchas, perde a coloração e pode apodrecer.

Para evitar prejuízos, o produtor investe em prevenção: controle rigoroso de temperatura, umidade e ventilação, esterilização dos espaços entre os lotes e descarte imediato de qualquer composto contaminado. O principal insumo do cultivo, o substrato pasteurizado e inoculado, também requer atenção. A oferta até existe, mas encontrar um fornecedor com padrão técnico alto é difícil. Um lote mal processado pode comprometer toda a produção. O cultivo de cogumelos no Brasil ainda é muito recente, considerando o contexto histórico em comparação com grandes culturas agrícolas. Ainda falta muita informação técnica. É preciso estudar muito para entender as necessidades da produção. Por outro lado, segundo a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), o consumo de cogumelos no Brasil cresceu de 30 gramas por pessoa em 1996 para cerca de 160 gramas ao ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.