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31/Mar/2025

Cacau: setor busca promover produto no exterior

A crise na oferta mundial de cacau levou à criação da Cacau Brasileiro, uma iniciativa da indústria brasileira para promover a imagem do produto em mercados estratégicos, como Estados Unidos e Europa. O objetivo é divulgar e apresentar o cacau brasileiro no cenário internacional e destacar suas potencialidades. A estratégia se torna ainda mais relevante em um momento crítico para o setor. Desde 2023, os principais produtores globais de cacau, Gana e Costa do Marfim, que juntos respondem por 75% da produção mundial, enfrentam desafios sérios. A produção nessas regiões sofre com mudanças climáticas e o aumento de doenças, como a "podridão parda" e o broto inchado, esta última presente nas lavouras africanas desde 1936.

Segundo o Instituto Arapyaú, uma das entidades líderes da iniciativa, o cacau gera emprego e renda. Valorizar o cacau é também preservar a identidade cultural das comunidades. Não existe cacau sem pessoas. O cacau brasileiro é coletivo. Segundo um relatório do Instituto AYA, que colaborou com o Plano de Transformação Ecológica do Governo Federal, até 2030, o Brasil tem o potencial de representar 13% do mercado global de cacau. Isso colocaria o país entre os três maiores produtores do mundo, gerando US$ 2,3 bilhões em receita. Atualmente, o Brasil não figura entre os principais produtores mundiais de cacau, ocupando a sexta posição no ranking e sendo um dos maiores importadores da commodity. Contudo, no século XX, o Brasil chegou a responder por 25% da oferta global de cacau.

A produção de cacau no Brasil começou no sul da Bahia, onde o cacaueiro se adaptou bem ao clima. As primeiras sementes chegaram a Canavieiras em 1746 e a Ilhéus em 1752. Hoje, Bahia e Pará são responsáveis por 90% da produção nacional. No ano passado, a produção brasileira de cacau registrou uma queda de 18,5%, com 179.431 toneladas de amêndoas. Na visão da CocoaAction Brasil, qualquer iniciativa que promova o cacau brasileiro é bem-vinda, especialmente em meio à crise na produção mundial da commodity. Além das ações de promoção, é crucial aumentar a produção brasileira, que enfrenta desafios relacionados à produtividade. Foi desenvolvido, em parceria com o Ministério da Agricultura e a Ceplac, órgão oficial de pesquisa e difusão de tecnologia do cacau no Brasil, um planejamento estratégico visando melhorar a produtividade nacional.

A principal meta é dobrar a produtividade de cacau, passando de 350 quilos por hectare para 700 quilos por hectare. O objetivo é aumentar a produção nacional de cacau, passando de 200 mil para 400 mil toneladas, o que permitiria ao Brasil retomar a posição de exportador de cacau. Atualmente, o Brasil é importador de cacau, o que é um paradoxo, considerando a posição do País como potência agrícola. Para atender à demanda da indústria nacional, é precioso importar cacau. Em outubro de 2024, o governo federal lançou o Plano Inova Cacau, um planejamento estratégico para aumentar a produção de cacau no Brasil para 400 mil toneladas até 2030. O plano reúne práticas e experiências da iniciativa público-privada CocoaAction Brasil, apoiada por gigantes do setor como Nestlé, Barry Callebaut, Cargill e Mondelēz International, entre outras. Se alcançar a meta do Plano Inova, o Brasil voltará a ser exportador de cacau.

Além da ação do governo, os Estados também estão se mobilizando para ampliar a produção. Na Bahia, destaca-se o plantio de cacau a Pleno Sol, enquanto em São Paulo surge o projeto Cacau SP, com plantações em São José do Rio Preto e no Vale do Ribeiro. Como a amêndoa de cacau leva de quatro a cinco anos para começar a produzir frutos, o governo, por meio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) lançará, ainda neste semestre, duas linhas de crédito: uma para custeio (manejo da terra), com resultados mais imediatos, e outra para investimento (compra de máquinas e equipamentos), com impacto a longo prazo.

Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), é um trabalho colaborativo para melhorar a produtividade das áreas já produtivas. Muitas das áreas produtivas já possuem lavouras envelhecidas, e a renovação dessas áreas exige mais tempo. Além disso, existem investimentos em novas áreas, especialmente em regiões não tradicionais. Os projetos focam, na maioria, na recuperação de áreas degradadas, utilizando o cacau como produto de larga escala. O objetivo de muitos produtores é cultivar entre mil e cinco mil hectares de cacau em novas áreas, integrando tecnologia, inovação e alta. Fonte: Exame. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.