ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

21/Mar/2025

Cacau: novo Fiagro vai financiar pequeno agricultor

Um fundo de investimento blended finance (que mistura recursos de filantropia, de investidores do mercado financeiro e capital público) foi lançado nesta quinta-feira (20/03) com a meta de chegar a R$ 1 bilhão até 2030. O propósito é financiar a agricultura familiar da cadeia do cacau. O Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) Kawá é um projeto do Instituto Arapyaú, da Violet, da ONG Tabôa Fortalecimento Comunitário e da MOV Investimentos. Com o Kawá, a ideia é ampliar a escala de impactos econômicos, sociais e ambientais positivos, atraindo investidores de maior porte para destravar modelos produtivos que façam uso sustentável do solo e gerem renda para quem mais precisa e quem conserva a floresta.

O fundo nasce com R$ 30 milhões e o objetivo é beneficiar, na primeira fase, 1200 agricultores na Bahia e no Pará. Esse valor é quase três vezes superior ao financiamento público (via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf) destinado à cultura do cacau no ano de 2023. Além das quatro organizações que desenvolveram o fundo, também participam a VERT, que será a administradora do fundo, e a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), que agrega as empresas que compram o cacau dos produtores beneficiados. A iniciativa inclui também uma estrutura, designada na expressão em inglês Enabling Conditions Facility (ECF), que fará o financiamento da assistência técnica aos agricultores.

Essa frente será coordenada pela Violet, plataforma para investimento em soluções baseadas na natureza e que conecta investidores, empresas, produtores e comunidades. A Fundação Solidaridad, do Ciapra (Consórcio Intermunicipal do Mosaico das Apas do Baixo Sul da Bahia) e a Polímatas Soluções Agrícolas e Ambientais, cujo custeio é da Suzano, serão os responsáveis pela assistência técnica. Na Bahia, a Tabôa também fará assistência técnica, além da originação do crédito. O Fiagro vai usar uma metodologia de concessão de crédito desenvolvida e implementada pela Tabôa desde 2017. Por esse método, a instituição já firmou mais de mil financiamentos num total de R$ 16 milhões. Essa metodologia foi adotada na estruturação de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) Sustentável para cacau, que foi um projeto do Instituto Arapyaú com uma rede de parceiros.

Entre 2020 e 2023, o CRA Sustentável impactou diretamente 271 agricultores, promovendo aumento de produtividade (52%) e de renda (60%) com inadimplência perto e zero. É uma metodologia bastante testada e serviu como um laboratório, afirmou o Instituto Arapyaú. As experiências da Tabôa de concessão de crédito aliado à assistência técnica rural se mostraram bem-sucedidas. Tais condições contribuíram para o aumento da produtividade, além da baixa inadimplência. De cada cem produtores de cacau no Brasil, 85 estão à margem do sistema financeiro, com difícil acesso a políticas públicas. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, 75 nunca receberam assistência técnica. Ao mesmo tempo, cerca de 80% da produção de cacau no Brasil depende dos agricultores de pequenas propriedades. Após receber o crédito do Fiagro, o produtor terá até 45 dias para realizar o investimento.

Após esse período, são 36 meses de prazo para pagar o empréstimo com seis meses de carência, na média. A taxa de juros é de 12% ao ano. Como o financiamento pelo fundo Kawá será destinado a pequenos produtores de sistemas agroflorestais (SAFs), a equipe de gestão planeja o comércio de créditos de carbono gerados pelo incremento na produção. Segundo o Arapyaú, a produção no SAF, ou cabruca, como é conhecido esse manejo no sul da Bahia, é capaz de estocar 66 toneladas de carbono por hectare, o dobro da quantidade encontrada no cacau plantado a pleno sol, segundo estimativas. A venda dos créditos de carbono que venham ser emitidos será operacionalizada pela ReSeed. A plataforma já possui negociação com um investidor para a compra dos primeiros créditos gerados por cerca de cem agricultores, e entra como responsável por facilitar a comercialização dos próximos créditos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.