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12/Mar/2025

LCD produzirá biogás a partir de efluentes cítricos

A multinacional francesa Louis Dreyfus Company (LDC) lançou nesta terça-feira (11/03) a pedra fundamental do que promete ser a maior usina de biogás produzido a partir de efluentes cítricos do mundo. A unidade fica em Bebedouro, interior de São Paulo, onde está instalada a principal indústria de suco de laranja da companhia. Com capacidade de receber 390 metros cúbicos por hora de efluentes da indústria de suco, a usina poderá gerar 7 milhões de metros cúbicos normais de gás por hora (Nm3/h) em dois ou três anos. O valor do investimento não foi divulgado, mas a companhia diz ser de “dois dígitos de milhões de dólares substanciosos”. Os efluentes cítricos são os resíduos líquidos gerados durante o processamento de laranjas ou limões, como na limpeza das frutas. Contêm compostos orgânicos que, quando tratados adequadamente, podem ser convertidos em biogás.

O biogás deverá substituir o gás natural nos processos industriais. Além disso, o sistema criado pela empresa permitirá o retorno da água 100% tratada para o Rio Paiol, na mesma cidade. A expectativa é reduzir a conta de combustível fóssil em 50%. A produção do biogás poderá abastecer 100% da unidade de Bebedouro. A usina fará a economia circular real e ainda reduzirá a emissão de CO2 equivalente da unidade em 20%. O processo todo é complexo e começou a ser estudado em 2021. Primeiramente, o efluente da indústria será despejado em tanque homogeneizador, e depois irá para uma lagoa anaeróbica onde um inóculo será usado para decompor a matéria orgânica. Em seguida, o material irá para uma lagoa aeróbica, onde é feita a filtragem da água para a devolução ao rio. Para garantir a total limpeza da água, o líquido ainda passará por decantadores industriais.

O lodo resultante do processo poderá ser usado nas fazendas de laranja gerenciadas pela LDC. Esse lodo é rico em matéria orgânica e minerais como potássio, e por isso a empresa avalia a melhor maneira de voltar para o campo. Durante o processo de desenvolvimento da geração do biogás, a LDC até testou soluções existentes no mercado, mas sem sucesso. Uma delas foi um inóculo de uma empresa argentina. Ocorre que eles processam limão e o fazem em uma temperatura e ambiente totalmente diferentes do que ocorre em Bebedouro. Então, não deu certo. A LDC conseguiu criar um inóculo com eficiência entre 15% e 16% superior ao disponível no mercado. A nova usina ocupará 200 mil metros quadrados de um terreno de 10 mil hectares. Se aumentar a indústria de Bebedouro, aumentará a produção de biogás. Em paralelo ao crescimento da indústria de suco, a LDC também poderá comercializar, no futuro, biometano.

Para isso, seria preciso purificar o biogás para que a composição ficasse em até 96% de metano. A legislação não permite comercializar biogás, mas sim biometano, fazendo a purificação. Ainda está distante, mas dá pensar em usar na frota própria ou comercializar. A LDC, que é também uma das principais tradings de grãos do mundo, tem ampliado a aposta no suco de laranja. Em julho do ano passado, inaugurou dois tanques para armazenamento e pasteurização de suco de laranja não concentrado (NFC) em sua unidade em Matão (SP), com o desembolso de US$ 25 milhões. No mesmo ano, investiu US$ 5 milhões em rampas para acelerar o descarregamento de laranjas dos caminhões e US$ 2 milhões em extratoras de óleos tecnológicas. A empresa investiu ainda no aumento da capacidade de armazenamento e produção de “blend” de NFC no terminal de Santos (SP) e em suas instalações de processamento em Ghent, na Bélgica.

A multinacional também está ampliando a fabricação de subprodutos, como óleos essenciais e células (gominhos de laranja), e o uso de bagaço para ração. A casca da fruta é base para produção de pectina, fibra usada na alimentação animal e humana. Como a fruta é usada por completo pela empresa, a LDC nunca cogitou fazer biogás a partir de resíduos sólidos. Seria uma perda financeira, em vez de um ganho. No primeiro semestre de 2024, a LDC teve receita líquida de US$ 25,6 bilhões, bastante semelhante ao resultado o mesmo período do ano anterior. O lucro líquido atribuído ao grupo foi de US$ 489 milhões, 14% menos que um ano antes. No Brasil, o último dado disponível refere-se a 2023, quando o lucro líquido da empresa cresceu 13 vezes em relação a 2022 e somou R$ 687,3 milhões, enquanto a receita caiu 5,8%, para R$ 42,9 bilhões. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.