28/Jan/2025
Depois dos cigarros eletrônicos, um novo produto da indústria do tabaco vem ganhando popularidade, especialmente entre os mais jovens: os sachês de nicotina, conhecidos como “pouches”. Apesar de ilegais no Brasil, esses produtos, que adotam estratégias de marketing similares às dos vapes (apresentados como alternativas “menos nocivas” aos cigarros tradicionais), já circulam clandestinamente no País. Liberados na África do Sul e em países da Europa e América do Norte, como Suécia e Canadá, os sachês são pequenas bolsas de celulose que contêm nicotina (substância psicoativa derivada do tabaco) em pó. O sachê é usado entre a gengiva e os lábios para que o pó se dissolva na boca, permitindo a absorção pelo organismo. Eles são vendidos em sabores como hortelã, melão e laranja. Neste mês, aproximadamente 2,2 mil sachês de nicotina foram apreendidos pela Vigilância Sanitária do Mato Grosso do Sul após serem detectados pelo raio X nos Correios de Campo Grande.
Essa foi a primeira vez que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu uma notificação oficial sobre a apreensão desse produto no Brasil. Os produtos foram atribuídos a seis marcas, incluindo Velo, pertencente à British American Tobacco, e a norte-americana Philip Morris. Ainda não está claro se os itens eram originais. Um cigarro convencional contém cerca de 1 mg de nicotina por unidade e os danos já são bem conhecidos. Agora, um produto que em apenas 20 minutos se dissolve na boca e entrega diretamente na corrente sanguínea doses até 20 vezes maiores pode trazer ainda mais danos. A vigilância estadual informou que o produto está sendo comercializado em sites brasileiros e nas redes sociais, onde, além das vendas, há convites para as pessoas se tornarem revendedoras. Todos os casos foram mencionados em um relatório enviado para análise da Polícia Federal. Os sachês estão longe de serem isentos de riscos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia, o principal problema é que, apesar dos compostos químicos da fumaça terem sido removidos, os níveis de nicotina, uma substância com riscos próprios, foram colocados nas alturas. No fim, o resultado da equação segue semelhante. Neste mês, a Food and Drug Administration (FDA), agência semelhante à Anvisa, aprovou a comercialização dos sachês de nicotina da Philip Morris, nos Estados Unidos. A decisão se baseou em estudos apresentados pela empresa. Questionada, a multinacional apresentou uma série de artigos em seu site. A Phillip Morris destacou que o desenvolvimento dos sachês foi fundamentado em inúmeras avaliações antes do lançamento, além de estudos pré-clínicos e de farmacocinética e que o produto foi desenvolvido para adultos fumantes que, de outra forma, continuariam fumando. Mas, isso não elimina o consumo de substâncias nocivas, apenas muda o formato, mantendo, ou até ampliando, os impactos na saúde pública. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.