24/Sep/2024
A resposta para o combate ao greening, que tem massacrado a produção de cítricos no Brasil e no mundo, pode estar no metabolismo das próprias plantas. Esta é a conclusão de pesquisadores de universidades dos Estados Unidos publicada no início deste mês na revista científica Nature após estudos com árvores infectadas da Flórida (EUA), onde a doença é endêmica. A partir de técnicas de ressonância magnética nuclear e espectrometria de massa, os pesquisadores avaliaram as mudanças no metabolismo de árvores cítricas mantidas em campo e em estufa e identificaram compostos associados à defesa natural das plantas, com destaque para o ácido ferúlico. A substância foi encontrada em menor quantidade nas folhas e galhos com sintomas do greening.
Nesses casos, os cientistas encontraram alta concentração de feruloilputrescina, um conjugado de ácido ferúlico e putrescina. A hipótese dos pesquisadores é de que a bactéria causadora da doença, Candidatus Liberibacter asiaticus, tenha evoluído para neutralizar a ação do ácido ferúlico a partir da síntece de putrescina. Um argumento de apoio para isso seria a observação de que os ácidos fenólicos, como o ácido ferúlico, reduzem a taxa de crescimento de Candidatus Liberibacter asiaticus, enquanto na conjugação com putrescina, esse efeito é reduzido devido à síntese de feruloilputrescina. A partir disso, foram realizados testes em laboratório que apontaram uma redução de 90% na taxa de crescimento da bactéria, índice semelhante ao registrado no grupo controle, onde fora realizado o tratamento com o antibiótico de referência para tratamento do greening, a oxitetraciclina.
Com a eficácia contra Candidatus Liberibacter asiaticus confirmada, o ácido ferúlico e os bioflavonoides apresentam uma oportunidade para aplicação em campo como novas terapias contra o greening. Esses compostos são derivados de plantas, não tóxicos, biodegradáveis, baratos para fabricar em escala e, portanto, seriam uma classe muito atraente de terapêuticas, argumentam os pesquisadores. No Brasil, o greening já atingiu 44,35% dos pomares do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, segundo números do segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Há sete anos, a doença tem se expandido no País, afetando 90,36 milhões de árvores de um total estimado em 203,7 milhões de laranjeiras. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.