07/May/2024
Um dos símbolos do Brasil, o suco de laranja é onipresente no cardápio dos brasileiros, seja no café da manhã, no almoço ou no jantar. Nos últimos meses, no entanto, o produto (seja o suco ou a fruta) perdeu qualidade e, mesmo assim, ficou mais caro. Os motivos para isso vão da quebra das safras por causa das mudanças climáticas ao avanço de pragas nos laranjais. A isso soma-se um aumento da demanda pelo fruto em mercados da Ásia e do Oriente Médio. Em uma década, a produção do suco de laranja despencou mais de 50% e, consequentemente, os estoques caíram. Além das questões climáticas, a escassez também é causada pelas pragas como o greening, que assolam as lavouras e tem levado os produtores a migrarem de região, a até mudar para outras culturas. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o preço da laranja avançou mais de 30% em 12 meses, chegando a 38% no estado de São Paulo.
A alta está ligada ao aumento de diferentes custos de operação, como a proteção dos laranjais contra pragas, logística de colheita e o transporte da mercadoria. As mudanças climáticas oferecem um desafio global ao agronegócio, não é só o Brasil que está sendo afetado. Recentemente, muito se falou do azeite, que teve uma quebra de safra na Europa, principalmente na Espanha, Portugal e Grécia, que são os grandes produtores mundiais do produto. A alta de preço do azeite é um caso similar à da laranja. A quebra das colheitas tem reflexo direto nos estoques. Levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) aponta que, em 2023, o Brasil registrou o segundo menor nível de estoques de suco de laranja em 13 anos. No ano passado o País produziu aproximadamente 463 mil toneladas de suco, um crescimento de 6,7% na comparação com a produção de 2022.
Apesar de não haver risco iminente de “extinção” da bebida, os problemas afetam o preço e a disponibilidade do item na mesa dos brasileiros e de outros mercados. Segundo os últimos dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em março deste ano, a laranja manteve uma trajetória de alta nos preços. Enquanto o IPCA subiu 3,93% em 12 meses, as variedades de laranja (baía, lima e pera) registraram altas de 16,24%, 37,89 e 39,16%, respectivamente. A CitrusBR informa que dois fatores primordiais explicam os declínios da safra da laranja e da produção dos sucos no País, e o preço mais alto para o consumo da fruta in natura. O primeiro é algo conhecido no Brasil já há 20 anos: o greening, que é uma praga que afeta os laranjais e pode dizimar hectares inteiros das plantações. O segundo, também presente em outras áreas da agricultura no País: o aquecimento global.
O greening é uma preocupação, a maior até agora, mas o resultado de estoques tem mais a ver com o clima nos últimos anos do que com a presença da praga. Até essa última safra, havia uma preocupação com o greening, hoje o resultado da safra baixa é muito em decorrência do clima. A instabilidade climática decorrente do aquecimento global tem castigado com maior intensidade a região conhecida como “cinturão cítrico”, que abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. A região teve uma das piores secas da história recente. Mesmo com irrigação artificial em algumas dessas regiões não havia água suficiente no solo para salvar a planta. Foram áreas inteiras perdidas pela seca. A FGV observa que os problemas que o agronegócio enfrenta em decorrência das mudanças climáticas não têm solução simples e afetam diferentes plantios.
Os desafios climáticos estão aí e a tecnologia vai ter de ajudar a agricultura a driblá-los. Agora, não dá para driblar as secas intensas, as ocorrências de pragas ou os alagamentos. Os extremos climáticos são complexos e desafiam praticamente todas as culturas. O greening, que afeta as plantações de laranja no mundo, é causado por uma bactéria, possivelmente originária da China, que é transmitida por um inseto. É um inseto bem pequeno, que encontra no Brasil um lugar muito favorável para a reprodução por causa da umidade e da temperatura. Outro fator conjuntural que tem pressionado os preços da laranja e do suco é o aumento na demanda, explica o Banco Pine. Um fator estrutural da escassez na oferta de laranja se dá porque esse é o típico investimento que demora a maturar, que exige um investimento e tempo. E existe uma oferta que cresce num ritmo menor do que a demanda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.