22/Jan/2024
As exportações brasileiras de frutas foram favorecidas em 2023 pelo desempenho mais tímido de países concorrentes, que tiveram sua produção afetada pelo El Niño. O fenômeno climático perderá força nos próximos meses, mas seguirá impactando a concorrência, por isso a expectativa é de mais um ano favorável para as exportações brasileiras. Além disso, a abertura de novos mercados deve contribuir para outro ano de avanços. Em 2023, as receitas com as exportações bateram recorde e alcançaram US$ 1,34 bilhão, alta de 23,5% sobre o ano anterior. A abertura de novos mercados e a recuperação no volume embarcado e no preço das principais frutas destinadas à exportação (melão, manga e uva) devem levar a resultados favoráveis.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), quando tem irrigação há controle da água com fruta de qualidade durante o ano inteiro. Então, essa grande arrancada do segundo semestre nas exportações se deveu aos locais de frutas com irrigação. As três frutas produzidas com irrigação no Vale do São Francisco e no Rio Grande do Norte responderam por quase metade de todo volume exportado pelo país este ano. Dentre os países que enfrentaram problemas climáticos estão o Peru, principal concorrente do Brasil na exportação de mangas.
Os pomares do Peru sofreram com a falta de amplitude térmica, o que comprometeu a floração e reduziu o volume colhido em 2023, abrindo espaço para o Brasil no mercado internacional. O Brasil é praticamente o único país que está colocando manga na Europa e Estados Unidos enquanto, antigamente, nesse período, o Peru tinha uma presença forte por lá. Além das frutas que já são destaque na balança comercial brasileira, há otimismo também em relação a outras espécies. É o caso do abacate, cujo volume exportado somou 26,17 mil toneladas em 2023, uma alta de 143,4% em comparação com 2022. Segundo a Associação Internacional de Produtos Frescos (IFPA), o Brasil não vai se tornar de hoje para amanhã um dos maiores exportadores de abacate do mundo.
Tem México e outros concorrentes a serem superados, mas é interessante olhar para a pauta de diversificação das exportações. O Brasil tem sido eficiente na abertura de novos mercados, com oito deles em processo de negociação atualmente. No último ano, o destaque foi para a abertura do mercado chileno ao mamão papaya e os trabalhos para aumentar o volume de limão enviado aos Estados Unidos. No total, as exportações de papaya somaram 38 mil toneladas, queda de 5% em volume, mas a receita subiu 7%, para o recorde de US$ 53 milhões. No caso do limão, foram 166,6 mil toneladas (US$ 172,34 milhões em receita) exportadas no último ano.
A Abrafrutas afirma que o mercado internacional é comprador e estima que as exportações brasileiras devem crescer 20% em valor em 2024. No mercado interno, onde o consumo apresenta queda desde a pandemia de Covid-19, as perspectivas são de leve recuperação. O setor está ainda olhando para um consumidor interno mais austero com seus gastos, escolhendo mais. Mas, felizmente, já se observa um reposicionamento melhor do mercado como um todo. A previsão do Cepea é de um leve avanço na área plantada com hortifrútis em geral no País neste ano, de 0,7%. É uma projeção modesta, mas realista também se considerar todo o cenário que temos ainda de economia e de necessidades de adequação. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.