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22/Dec/2023

Citros: Greening já afeta 38,6% dos pomares de SP

Um inseto de alguns milímetros parecido com uma cigarrinha ameaça a citricultura brasileira, concentrada nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. O psilídeo, nome da mosca, transmite a bactéria do greening, doença sem cura que afeta todas as plantas cítricas, especialmente a laranja. Ao menos 61 milhões de citros afetados já foram arrancados. O governo paulista criou até um disque-denúncia para combater a praga, que já atinge 38,6% dos pomares do Estado. O canal pode ser usado para apontar pomares de citros abandonados ou malcuidados, possibilitando que uma equipe de vistoria vá ao local. Só em novembro, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado retirou de circulação mais de 9 mil mudas não certificadas que estavam sendo vendidas irregularmente. Graças a São Paulo, que tem 77% dos laranjais brasileiros, o Brasil é o maior produtor mundial de laranja e também o principal exportador do suco.

Na safra 2022/2023, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal, o Brasil exportou 1,09 milhão de toneladas de suco de laranja e obteve receita de US$ 2,21 bilhões (R$ 10,9 bilhões). Desde 2004, quando foi identificada em laranjais da região de Araraquara, no interior paulista, a mosquinha de origem asiática só avançou. De 2005 a 2021, mais de 61 milhões de citros - laranja, limão e tangerina - que ocupavam 220 mil hectares foram arrancados com tratores por causa de alta infestação de greening. Hoje, 22,3% do parque citrícola de São Paulo e Minas, equivalente a 43 milhões de árvores, estão com a doença. Os pomares mais afetados estão nas regiões paulistas de Limeira, Brotas, Porto Ferreira, Duartina e Avaré. “A perda de plantas pelo greening é de no mínimo 30% do pomar. Pomares com greening, mas controlados, não representam perigo, mas os abandonados viram criadouros”, disse o produtor Filipe Cunha, da Fazenda Santa Ignácio, em Brotas.

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (ApqC) apontou a falta de cientistas para atuar no desenvolvimento de plantas resistentes e práticas de controle do greening. Segundo a entidade, só na área agrícola faltam ao menos 200 pesquisadores. De acordo com o governo estadual, em julho a pasta da Agricultura abriu concurso público para o preenchimento de 37 vagas de pesquisador científico em 30 áreas de especialização da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). O greening ataca todos os tipos de citros e não há cura para as plantas doentes. No Brasil, a doença é causada pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, transmitida pelo psilídeo (Diaphorina citri), inseto parecido com uma cigarrinha. O primeiro sintoma é o surgimento de folhas amareladas, com manchas irregulares.

As laranjas não amadurecem completamente, ficam com coloração verde clara, manchada, e não crescem, acabando por cair do pé precocemente. Apesar de ser causada por uma bactéria, a doença não é transmitida para as pessoas. Um estudo da Faculdade de Agronomia da Escola Superior de Agricultura da USP, em parceria com a Fundecitrus, mostrou que o inseto está resistente a dois dos grupos de inseticidas mais usados, os piretroides e os neonicotinoides. Para reduzir a resistência, os especialistas recomendam suspender por 90 dias o uso de inseticidas que perderam a eficiência e fazer um revezamento com outros defensivos. Laboratórios públicos e privados de São Paulo buscam medidas mais eficientes de controlar o greening. Uma das pesquisas da Esalq-USP envolve o controle biológico, com o uso de uma vespa que é predadora do psilídeo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.