13/Dec/2023
Em 2023, a área de frutas e hortaliças cultivada no Brasil voltou ao patamar pré-pandemia (de 2019). Vale lembrar que, no período pandêmico, houve uma retração generalizada da área cultivada, sobretudo de culturas que destinam sua produção ao mercado in natura. Algumas cadeias, contudo, chegaram a aumentar os investimentos entre 2019 e 2023, especialmente as voltadas à exportação, como manga e uva. O mesmo ocorreu para as áreas destinadas à indústria da batata pré-frita e do tomate industrial, que vêm crescendo vigorosamente nos últimos anos. A maior área de batata industrial deve-se ao aumento no consumo doméstico de pré-fritas e à substituição do produto importado pelo nacional. Quanto ao incremento da área de tomate industrial, está atrelado à substituição da polpa importada pela nacional. Esses movimentos fortaleceram a indústria brasileira destas duas culturas e ampliaram a área cultivada no País.
Fazendo um balanço das cadeias, a área total se recuperou 4% em 2023 frente à de 2022. É importante ressaltar que, embora parte das frutas e hortaliças ainda não tenha retomado em 2023 a área cultivada de 2019, algumas tiveram avanços tecnológicos importantes no campo, como a laranja e o tomate de mesa. Diante disso, pode-se dizer que, de forma agregada, em 2023, o potencial de oferta é até maior que em 2019, graças ao avanço produtivo ao longo dos anos. Para 2024, por enquanto, investimentos só devem ocorrer nos segmentos voltados às áreas industriais de batata e tomate, com as demais culturas se mantendo estáveis. O setor de hortifrúti nacional tem apresentado crescimento mais intenso em termos de valor do que em volume de vendas. E esse aumento de valor é resultado dos maiores custos de produção e de melhorias realizadas na cadeia de comercialização e de serviços. Para 2024, a tendência é de que o prato do brasileiro seja mais diversificado, com diferentes frutas e hortaliças.
A conveniência vem sendo um fator importante para o consumidor, e, em 2024, os hortifrútis processados também devem estar mais presentes no carrinho de compras do brasileiro. O setor tem passado por problemas com o clima nos últimos anos. Em temporadas anteriores, o Brasil registrou a atuação do fenômeno climático La Niña, que trouxe um verão mais seco na Região Sul e chuvoso na Região Nordeste. Em 2023, desde o inverno, um efeito contrário tem sido visto, diante da atuação do El Niño, que permitiu um clima muito favorável para a produção de frutas do Nordeste, mas chuvas acima da média no Sul do País, que prejudicaram a produção de maçã e de hortaliças. Na Região Sudeste, onde o fenômeno não é tão forte, as temperaturas estiveram bem acima da média histórica. Para 2024, a influência do El Niño ainda no primeiro trimestre deve limitar a produção, a produtividade e a qualidade na Região Sudeste e sobretudo na Região Sul.
Por outro lado, o fenômeno climático tende a favorecer a produção da Região Nordeste no primeiro semestre, beneficiando as vendas externas de frutas frescas durante as janelas de exportação da primeira parte do ano. A receita brasileira obtida em 2023 com as exportações de frutas frescas pode superar a adquirida em 2021 (de US$ 1,1 bilhão), atingindo, portanto, um novo recorde, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A receita recorde está atrelada ao aumento no preço médio pago (em dólar) pelas frutas, o que, por sua vez, se deve ao clima favorável na Região Nordeste, a melhores condições logísticas e, principalmente, à menor concorrência externa (países concorrentes também enfrentaram problemas climáticos). Para 2024, o cenário pode continuar positivo para as frutas do Vale do São Francisco, sobretudo no primeiro semestre, quando os demais países concorrentes, principalmente o Peru, ainda devem registrar volume e qualidade prejudicados, por conta do forte efeito do fenômeno climático El Niño sobre a produção. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.