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02/Oct/2023

Citrosuco apostando no crescimento e diversificação

A Citrosuco, maior exportadora de suco de laranja do mundo, com sede em Matão (SP), vê no potencial chinês um dos seus motores de crescimento à frente. Embora ultrapasse os Estados Unidos e o Brasil como a maior produtora ao redor do globo, a China planta laranja para o consumo da fruta tal como ela é, in natura. Quando se trata de suco processado, porém, a bebida começa a aparecer com mais frequência nas refeições chinesas, tradicionalmente acompanhadas de água morna e chá. Estima-se que a China represente menos de 3% do mercado global de suco de laranja. É um mercado muito incipiente. O suco de laranja é pouquíssimo consumido na China versus o consumo per capita em outros países, como Estados Unidos, Brasil e países da Europa. A aposta na China veio a partir de uma provocação do Conselho de Administração da Citrosuco, controlada pelos Grupos Fischer e Votorantim.

Embora os chineses estejam começando a ter contato com o suco de laranja, além da fruta como alimento, o tamanho da população confirma o potencial à frente. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima em 1,425 bilhão o número de pessoas no país, atrás somente da Índia, que recentemente teria se tornado o país mais populoso do planeta. Com esse tamanho e as refeições que não contam com a bebida, o ritmo de crescimento anual do mercado de suco de laranja processado na China tem sido de dois e, às vezes, chega a até três dígitos. Além disso, o suco de laranja chega com um "preço mais premium" na China. Mas, há desafios pelo caminho. Se de um lado o preço maior beneficia as receitas, do outro, pesa um custo mais elevado por conta da logística de transporte entre o Brasil e a China, fora as exigências do padrão de qualidade chinês, que também são diferentes. A China tem possibilidade de crescimento maior, mesmo que ela não chegue no consumo per capita dos Estados Unidos ou do Brasil.

Mesmo que ela pare na metade, por exemplo. A África está começando a aparecer. Por outro lado, outros países têm apresentado pequena queda no consumo do suco de laranja processado. Mas, o principal desafio do setor é controlar o crescimento do greening, doença mais temida pelos produtores de laranja mundo afora. No cinturão citrícola São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, o maior do mundo, a praga avançou de forma preocupante, com a incidência passando de 24,42% em 2022 para 38,06% em 2023, de acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Na prática, significa que 77,22 milhões de árvores estão doentes de um total de 202,88 milhões de laranjeiras em todo o parque. O greening foi detectado no Brasil em meados de 2004, quando também foi identificado nas laranjeiras dos Estados Unidos.

O agravamento de casos no cinturão citrícola entre São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro foi, inclusive, o foco de reunião entre representantes da cadeia produtiva e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Na agenda, medidas no combate à praga. Apesar da piora, não há um descontrole da doença no Brasil. O Brasil não vai chegar na situação da Flórida (EUA), pelo menos nos próximos 5 a 10 anos. A principal razão foi o caminho escolhido pelo país para combater a doença. Enquanto o Brasil tratou de erradicá-la, eliminando as árvores contaminadas e apostando em novas áreas, a Flórida optou pelo controle do psilídeo, inseto que transmite o greening. Como consequência, a doença se espalhou, o que impacta no sabor do suco e no tamanho da produção, bem como no preço do produto final. O setor brasileiro vai ter de ter mais cuidado para poder garantir um produto de qualidade.

O fato de o segmento ser consolidado, com três grandes produtores de suco de laranja (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company), ajuda no combate à doença. Sobre se isso significa ter mais pomares próprios do que de terceiros, a principal missão das empresas é educar e dar suporte aos produtores para que eles possam investir e cuidar dos seus pomares. O salto do greening mostra, porém, que esse trabalho tem deixado a desejar. A doença não regride. Sempre vai piorar. E, obviamente, como qualquer tipo de doença, ela sempre vai ser mais grave no ano seguinte do que foi no anterior. Há necessidade de o setor sensibilizar, educar e fornecer recursos para que os pomares brasileiros sejam protegidos. A doença compromete a produção de suco de laranja, que tem encolhido no Brasil e nos Estados Unidos.

Os estoques brasileiros da bebida eram de 84.745 toneladas em junho/2023, uma queda superior a 40,7% ao mesmo período do ano passado, o menor nível em 12 anos, conforme levantamento de auditorias ligadas à Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). A menor produção e o desafio do controle da doença, que se agrava, pressionam para cima os preços do setor. Na Bolsa de Nova York, os preços do suco de laranja concentrado congelado estão perto das máximas em mais de 50 anos, em US$ 3,45 por libra-peso, e acumulam alta de cerca de 68% no ano. Essa continuará sendo a tônica, mas, à frente, os preços podem se acomodar, a depender do comportamento da próxima safra. Se vier uma safra muito pequena, a barreira de resistência de preço pode ser mantida por um tempo maior. Para além do suco de laranja, a Citrosuco vê a diversificação de receitas como uma importante frente de crescimento no futuro.

Sua principal aposta é a Evera, de produtos naturais. Criada há cerca de um ano, a empresa tem como foco a produção de ingredientes para diferentes indústrias valendo-se de partes da laranja que até então eram subutilizadas, tais como bagaço, folhas, flores e sementes. São ingredientes para a base de muitos produtos. A expectativa é de que a Evera represente algo em torno de 15% a 20% do faturamento da Citrosuco. Para este ano, o grupo espera faturar entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,4 bilhão. O objetivo é crescer em mercados mais maduros para ingredientes naturais como, por exemplo, os Estados Unidos e a Europa. A busca pelo crescimento é constante, mas a diversificação é a principal aposta para o futuro. A estratégia de crescimento da Citrosuco é orgânica, mas os sócios também estão atentos a oportunidades de aquisições. Se tiver uma oportunidade na África ou em algumas outras regiões da Ásia, a Citrosuco vai entrar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.