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25/Jul/2023

Cacau: sistema cabruca atende às exigências da UE

Pesquisadores das regiões cacaueiras do sul da Bahia que monitoram imagens de satélites conseguiram identificar que grande parte do que era considerado por sistemas como o MapBiomas como Mata Atlântica nativa e intocada correspondia à cabruca, sistema agroflorestal de produção em que o cacau é cultivado sob a sombra de espécies nativas da floresta original. O produtor ‘cabrocava’ a mata (fazia buracos) e retirava espécies mais finas para plantar o cacau sombreado. Segundo o Centro de Inovação do Cacau (CIC), a mata só está lá porque o cacau existe. Com imagens aéreas, o sistema do CIC registra duas fotos por dia em altíssima resolução e monitora o avanço da agricultura na região Porto Sul da Bahia, onde foi construído o do Complexo Portuário e de Serviços Porto Sul, obra iniciada em 2020. O sistema do centro de inovação, chamado de Observatório Social (OBS), foi criado para identificar essas áreas nativas e exploradas nos arredores do empreendimento, mas pode virar um recurso público para monitorar em tempo real os índices da agricultura do local.

O Brasil possui hoje mais de 93 mil produtores de cacau, sendo mais 45 mil na Bahia. A estimativa é que, no Estado, 70% dos sistemas de plantio de cacau sejam cabruca. De forma complementar à pesquisa do CIC, a iniciativa MapBiomas Cacau utilizou imagens de satélite para realizar um mapeamento do cacau em 83 municípios do sul da Bahia. De julho de 2019 a abril de 2023, a análise identificou que 11% de todas as áreas de cultivo da região são compostas por cacau sombreado. Cruzando essa informação com os dados de limites de propriedades, estima-se que 43% do cacau sombreado mapeado esteja em propriedades descritas pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR). A pesquisa definiu parâmetros de análises dos espaçamentos e dos perfis das copas das árvores, diferentes dos critérios utilizados anteriormente pelo sistema. A análise mostrou que o cacau se concentra nas áreas mais planas. Já no topo de morros predominam florestas.

Enquanto o mapeamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimava 4 mil Km² de áreas de cultivo na região, o estudo do MapBiomas Cacau identificou 6,6 mil Km². Também foram observadas regiões de cabruca produtiva e abandonada, dados que, até então, não era possível identificar por imagens de satélite. O objetivo é aperfeiçoar o monitoramento e captar mais dados para treinar melhor o algoritmo. Para a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), o modelo de cabruca está perfeitamente de acordo com o que pede o código verde da Europa. O pacto do bloco econômico impedirá, a partir de 2025, a aquisição de alguns produtos provenientes de áreas de desmatamento, como o cacau. O cacau cabruca se tornou uma maneira de garantir a sustentabilidade das árvores nativas na região, o que reforça a importância desse tipo de monitoramento. Quando houver uma oferta suficiente para exportar, esse cacau vai ser muito valorizado pela União Europeia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.