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21/Jul/2023

Cacau: investimento em coprodutos como a polpa

O setor cacaueiro da Bahia amplia investimentos em coprodutos do cacau, para além do chocolate, como maneira de aumentar a rentabilidade de maneira sustentável. Com 14 fazendas em Itabuna, Ituberaba, Itacaré e outras áreas produtoras de cacau do Estado, a Agrícola Cantagalo, a maior produtora de cacau do Brasil, com 900 toneladas por ano, decidiu inovar a estratégia. Além das vendas das amêndoas para a indústria chocolateira, a empresa observou nos últimos cinco anos um aumento da procura do mel do cacau e da polpa do fruto, especialmente pelo setor de bares e restaurantes para a produção de drinks. A amêndoa, por si só, não está fazendo da cacauicultura uma atividade lucrativa. 70% do faturamento da empresa é direcionado para custos com mão de obra. A empresa tem um trabalhador para cada 10 hectares, nos 2,2 mil hectares de propriedade, e o ideal seria que houvesse um aumento da produtividade por hectare para compensar os desembolsos.

No entanto, isso só será conquistado com a adoção de variedades de planta mais produtivas, um processo que pode levar muitos anos. Por isso, decidiu apostar nos coprodutos. Em 15 quilos de cacau é possível se obter 8 litros de mel. Com sabor naturalmente doce e levemente ácido, o produto é gerado a partir de um processo de decantação natural da polpa do cacau ou, no caso da Cantagalo, por prensagem mecânica. Embora o mel tenha 25% mais valor para a venda do que a polpa, o volume vendido dos dois produtos ainda é mínimo e o mel só é fabricado sob encomenda. O produto é congelado ou pasteurizado para durar seis meses, já que in natura seria perecível em apenas 4 horas. A produtora não é a única de olho nos subprodutos do cacau para promover um ganho imediato. O Centro de Inovação do Cacau (CIC) planeja levar o fruto brasileiro, pela primeira vez, ao evento Fruit Attraction, da Espanha. A ideia é apresentar o produto aos europeus e abrir mercado para exportar a polpa e o mel.

Ainda não se sabe o tamanho do mercado, mas a ideia é fomentar essa procura. As estratégias do setor ocorrem em um momento em que o modelo de plantio pelo sistema de cabruca, o mais recorrente no sul da Bahia, dá sinais de dificuldade. Esse tipo de plantio do cacau, desenvolvido de forma secular, pressupõe o cultivo do fruto na sombra de árvores nativas. Para ser considerada um sistema de cabruca, a plantação de cacau precisa ter, ao menos, 20 espécies de árvores nativas por hectare, de acordo com o decreto estadual da Bahia. Embora a sombra ajude em estágios do desenvolvimento do fruto, muita sombra também compromete a produtividade do cacau. Em uma área de alta produtividade de cabruca hoje são obtidos 600 quilos por hectare, já em uma região em que o cacau está totalmente exposto ao sol há produção de 2,4 mil quilos por hectare. Há uma discussão setorial junto ao Ministério do Meio Ambiente para aperfeiçoar o texto do Código Florestal de forma que zele pela produtividade, mas considere também maneiras de o produtor incrementar a produtividade, com adensamento das plantas.

O setor está ajudando o meio ambiente e não ganha nada a mais por isso, que seja uma redução no custo com adubo ou um diferencial que possa ser colocado no preço do cacau. Alguns movimentos para reestruturar a cadeia da cabruca já começaram a ser desenvolvidos. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), do Ministério da Agricultura, conseguiu captar no ano passado investimentos de US$ 5,3 milhões para apoiar o fortalecimento do sistema cabruca nos próximos quatro anos. A iniciativa prevê revitalizar 50 mil hectares de lavoura de cacau e levar apoio e financiamentos para cerca de 1,6 milhão de hectares de áreas produtivas. Em todo o País, o cultivo do cacau é feito numa área de quase 600 mil hectares por 93 mil produtores rurais. Destes, 74% pertencem à agricultura familiar. Ainda não há uma estimativa exata de área correspondente exclusivamente à cabruca. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.