ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Jul/2023

Cacau: recebimento pela indústria cai no 1° semestre

Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), a indústria brasileira processadora de cacau recebeu 93.121 toneladas do produto no acumulado do primeiro semestre de 2023, volume 13,11% abaixo das 107.179 toneladas dos primeiros seis meses de 2022. No início do ano, o setor esperava índices mais robustos para o período, mas, nos próximos meses, será possível reverter, para ficar, ao menos, em linha com o registrado em 2022. Mas, tudo dependerá do clima, fator que afeta diretamente a produção do cacau. A ocorrência do fenômeno climático El Niño nos próximos meses deve permanecer no radar, já que ele tende a tornar o clima mais seco no sul da Bahia e influenciar na produção. A edição mais recente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de junho, prevê que 290 mil toneladas de cacau em amêndoa serão produzidas em 2023, 0,1% abaixo do produzido em 2022.

A ocorrência do El Niño, a depender da intensidade e dos efeitos, poderia interferir nas estimativas de produção cacaueira no Brasil. Até o momento, o recebimento de cacau pela indústria tem sido menor em virtude da alta incidência de pragas na região cacaueira, especialmente na Bahia. Os produtores da Bahia foram responsáveis por 55% do volume total de amêndoas nacionais recebidas pela indústria moageira no primeiro semestre. O Pará ficou em segundo lugar com 41% do volume total recebido. Diferentemente do que aconteceu em 2022, quando o recebimento foi expressivo no fim da safra principal e início da safra temporã (colheita realizada após a safra mais substancial, entre maio e setembro), este ano os resultados estão menores por causa das pragas nas regiões. No entanto, mesmo com o menor recebimento, a moagem de amêndoas pela indústria foi de 126.442 toneladas, 19,19% maior em relação às 106.083 toneladas do mesmo período do ano passado.

Em 2022, cinco empresas informavam dados de recebimento e moagem e agora são seis, o que ajuda a explicar o impulso. Outro motivo cada vez mais forte é o fomento ao mercado de cacau promovido por entidades como a CocoaAction Brasil. A iniciativa público-privada entrou em ação em 2018 e pretende fomentar a sustentabilidade na cadeia do produto. Oito empresas são participantes do Cocoa Action Brasil (Barry Callebaut, Cargill, Dengo, Harald, Mars Wrigley, Mondelez International, Nestlé, e Ofi). O projeto tem por objetivo, entre outros aspectos, fornecer subsídios aos produtores de cacau para que o Brasil volte a ser autossustentável. Hoje, o País produz cerca de 300 Kg de cacau por hectare, mas segundo a CocoaAction poderia facilmente dobrar esse volume. O País produzia 700 Kg por hectare antes de a vassoura-de-bruxa, doença causada por um fungo, dizimar a produção nos anos 80.

Para suprir a demanda por processamento, a indústria recorre à importação de amêndoas. No acumulado dos primeiros seis meses do ano, 43.181 toneladas foram trazidas do exterior, ante 10.010 toneladas em igual período de 2022. Já era esperada a diferença, pois o volume importado em 2022 foi o menor dos últimos cinco anos. No entanto, conforme a safra brasileira for crescendo, os volumes de importação ficarão cada vez menores e, em até cinco anos, serão volumes ainda mais insignificantes. As exportações de derivados do cacau passaram de 24.987 mil toneladas, em 2022, para 16.552 toneladas no primeiro semestre deste ano. A queda de mais de 30% pode ser explicada pelo atraso nas aquisições pela Argentina, principal destino de aquisição dos produtos hoje. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.